Este fotógrafo tem… seis anos

Tinha apenas quatro anos quando o pai, fotógrafo da “National Geographic”, lhe deu a primeira máquina fotográfica. Com seis, e depois de uma viagem pelo oeste da Califórnia, lançou um livro com as suas fotografias e é apontado como um nome a seguir.

E houvesse um ranking dos ditados mais usados, “Filho de peixe sabe nadar” ocuparia, sem dúvida, o topo da lista. E Hawkeye Huey poderia bem ser dado como exemplo.

Com apenas seis anos, sempre acompanhado pela sua máquina fotográfica, é o mais jovem colaborador da “National Geographic” e está no top 100 das contas de Instagram a seguir, para a revista “Rolling Stone”, e no top 50 da “Time”. E o grande responsável é o pai, Aaron Huey, fotógrafo da “National Geographic” e colaborador da “Harper’s Magazine” e da Stanford d.School. Foi ele que, em abril de 2014, quando Hawkeye tinha apenas quatro anos, lhe ofereceu a primeira máquina, uma Fuji Instax 210, uma espécie de versão moderna das polaroids. Sim, na era do digital, este pai regressou ao passado para oferecer uma máquina que depende do papel fotográfico. Mas esta não foi uma escolha inocente: “Assim, cada foto que ele fosse tirando gerava logo uma conversa, uma interação genuína.”

Pouco depois desta oferta, o pai, Aaron, publicou na sua conta de Instagram uma imagem do filho (da mesma sequência desta que aqui publicamos), com uns óculos gigantes para o protegerem de uma tempestade de areia, e uma máquina fotográfica ao peito – a tal Fuji. De imediato os seguidores do profissional – um número superior a 700 mil – comentaram que gostavam de conhecer o trabalho do pequeno fotógrafo. Por isso, Aaron criou uma conta de Instagram para o filho. O que não imaginaria seguramente era que, neste momento, o fotógrafo de palmo e meio somasse já 214 mil seguidores.

Apesar do sucesso – e de críticas como a da “Rolling Stone”, que diz que “Hawkeye tem uma perspetiva única e cativante” – o pai Aaron diz não estar preocupado se o filho já encontrou a sua profissão com apenas seis anos. Justamente por isto, não vê em Hawkeye uma espécie de assistente de trazer por casa. Aliás, faz questão de não o levar nos seus serviços. No entanto, passou a aceitar e a propor serviços especificamente para o filho. Como a vez em que foram juntos a Slab City, um campo, no sul da Califórnia, ocupado ilegalmente por viajantes, vagabundos e famílias circenses. “Foi uma ótima oportunidade para que o Hawkeye conhecesse outras pessoas e outras formas de viver.”

Foi também com isto em mente que, no final de 2014, arrancaram para uma viagem de 18 meses, só os dois, na qual pai e filho se entregaram ao oeste norte-americano ao mesmo tempo que se redescobriram e descobriam um amor comum pela fotografia. De Seattle rumaram para Salton Sea para dormirem no deserto e daí passaram por cenários marcantes como Las Vegas, Navajo Nation, Cody Night Rodeo, Salvation Mountain… No total, o pequeno fotógrafo fez mais de mil imagens durante esta viagem. Retrato, paisagens, pormenores. Não são imagens tecnicamente perfeitas nem sequer essa obsessão pela perfeição ocupa espaço na mente do jovem de seis anos. O que ele quer é disparar, esperar que saia aquele quadrado, abaná-lo e ver uma imagem aparecer. E quer fazê-lo ao lado do seu pai. Mas não virou com isto um obcecado pela fotografia: quando não está a fotografar continua a preferir os Legos.

Como resultado de todas estas viagens, em janeiro o pequeno fotógrafo lançou o livro “Cowboys, Indians, Hobos, Gamblers, Patriots, Tourists & Sunsets” (ed. Outsiderbooks) São 168 páginas com uma seleção, feita pelo pai e pelo próprio Hawkeye, das imagens que fez, que levam a que a imprensa especializada já se refira ao jovem como um futuro grande fotógrafo.

É impossível saber se as previsões se confirmarão, mas o espírito de aventura marcará seguramente a vida de Hawkeye Huey. Aliás, basta saber que os seus pais se casaram no topo de um tanque russo, em Cabul.