Dar uma mera repreensão a Portugal pelo défice de 2015, mas exigir que o país apresente dentro de três semanas medidas adicionais, de forma a garantir as previsões para este ano, será "o que já está cozinhado pelo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e o comissário responsável pelo Euro", adiantou ontem Marques Mendes, na SIC.
E Marques Mendes não tem dúvidas de que António Costa vai sempre fazer o que a Comissão decidir: "Eu tenho para mim que Costa nunca comprará uma guerra com Bruxelas. Nunca, jamais, em tempo algum".
No entanto, "esta originalidade" de decisão da Comissão Europeia, se avançar, será um grande problema para Costa: "Se o Governo aceita e apresenta medidas adicionais, tem problemas internos com a sua base de apoio interna. Se não aceitar, tem um problema com Bruxelas e com os mercados". Mas esta originalidade não se sabe ainda bem como vai funcionar: "Como é que vão, por exemplo, exigir medidas a Espanha, que nem sequer tem governo ou orçamento?".
Recorde-se que ontem foi anunciado que, na reunião de amanhã, os comissários europeus preparam-se aparentemente para recuar: não aplicar sanções a Portugal e a Espanha por causa de 2015, mas apenas uma declaração de que foram países incumpridores. Mas "esta espécie de passo atrás implica dois à frente" no caso de Portugal, salienta Mendes, pois os comissários irão exigir já as medidas adicionais que prescindiram de exigir em março, aquando da negociação do Orçamento do Estado português.