Ainda pouco ou nada se sabe sobre as intenções do jovem de 18 anos que na tarde desta sexta-feira espalhou o pânico por Munique ao disparar aleatoriamente contra pessoas na zona do centro comercial Olympia, perto da vila olímpica de Munique, e que acabou por se matar não muito longe do local.
As primeiras investigações à casa do homem, que tinha nacionalidade iraniana e alemã, dão, no entanto, algumas pistas. Não há ligações a grupos terroristas mas havia uma obsessão por tiroteios, revelou neste sábado a polícia de Munique em conferência de imprensa.
Ali Sonboly, assim aparece identificado na imprensa alemã, onde vizinhos o descrevem como “um jovem pacato”, vivia com os pais na zona de Maxvorstadt, nos subúrbios de Munique, e no seu quarto tinha vários artigos de jornais e livros sobre tiroteios.
A polícia destaca um livro encontrado: “Why Kids Kill” (“Por que matam os estudantes?”), do académico norte-americano Peter Langman.
Há uma “ligação óbvia”, diz a polícia, entre o tiroteio de sexta-feira e o ataque do norueguês Andreas Breivik, que matou 77 pessoas há exactamente cinco anos. Esta foi, aliás, uma das primeiras teorias a ganhar força ainda durante sexta-feira nas mais de seis horas que Munique esteve em “lockdown”. Inicialmente ainda se pensou que o ataque fosse ação de três homens mas a polícia deixou claro que este jovem agiu sozinho.
Os pais ainda não foram ouvidos pela polícia porque estão em estado de choque. Sabe-se, porém, que o jovem, que matou nove pessoas e deixou 27 feridos, já havia recebido tratamento psicológico no passado por depressão.
Sobre as vítimas mortais, a polícia especificou que se tratam de três mulheres e seis homens com idades compreendidas entre os 15 e os 45 anos. Ainda pouco se sabe sobre as vítimas mas seriam na sua maioria jovens.
O Kosovo já fez saber que entre os mortos estão três cidadãos do país. Nesta manhã, a imprensa fotografou o pai de um deles, Dijamant Zabergja de 21 anos. O homem foi para a zona onde o seu filho morreu com uma fotografia sua na mão. As outras duas vítimas são duas jovens.
Também o ministro dos negócios estrangeiros da Turquia, Mevlut Cavusoglu, anunciou neste sábado que outras três vítimas são turcas, escreve a Reuters.
Também o ministro dos Negócios Estrangeiros da Gécia confirmou em comunicado que há um grego "entre as vítimas inocentes".
A polícia está agora a investigar se o atirador usou uma conta de Facebook para chamar pessoas para o McDonald´s, onde o ataque começou.
Robert Heimberger, investigador da polícia, confirmou aos jornalistas que alguém entrou na conta de uma mulher para escrever que estaria no restaurante a oferecer refeições. “Dou-vos o que quiserem, desde que não seja muito caro.”
Para o investigador, isto demonstra que o ataque “foi preparado pelo suspeito”. A mulher que viu o seu Facebook atacado reportou à polícia pouco depois o que aconteceu. Resta perceber se foi Ali Sonboly que publicou a mensagem.
Entre os 27 feridos estão várias crianças. Duas pessoas estão em estado crítico, incluindo um rapaz de 13 anos.
Ao contrário do que disse de madrugada na primeira conferência de imprensa, Hubertus Andra, chefe da polícia de Munique, revelou que o atacante nasceu na Alemanha — antes tinha dito apenas que este vivia “há algum tempo” em Munique.
Sobre a arma usada no crime, Andra especificou que este usou uma pistola semiautomática "Glock" de nove mílimetros e tinha consigo 300 balas.
Ali Sonboly não tinha, no entanto, licença para a arma. Não se sabe ainda como a comprou, se é que comprou.