Santana Lopes não põe de lado candidatura a Lisboa

Santana ainda não pôs de lado uma candidatura a Lisboa. E no PSD ainda há quem espere por ele.

Foi mais um «ainda não» do que um «não» a resposta de Pedro Santana Lopes à pergunta que todos se fazem no centro-direita sobre se pretende ou não avançar com uma candidatura à Câmara de Lisboa. No domingo, numa declaração ao Expresso, tentou pôr água na fervura mediática em torno do seu nome, mas no PSD ainda ninguém dá por totalmente afastada a ideia.

«Neste tempo, não posso aceitar convites para ser candidato a outros cargos», dizia Pedro Santana Lopes no domingo, assumindo «concentração máxima e dedicação total» à Santa Casa da Misericórdia. Para quem não percebeu bem, na terça-feira à noite no seu espaço de comentário na SIC Notícias, Santana sublinhou a dificuldade de fazer anúncios quando ainda falta mais de um ano para as eleições autárquicas. «O mundo dá tantas voltas», insistia, deixando claro que a parte mais importante da sua declaração ao Expresso era mesmo o «neste tempo».

Se alguém ainda não tivesse percebido que o dossiê Lisboa não está definitivamente encerrado na cabeça de Pedro Santana Lopes, o provedor da Santa Casa aproveitou para deixar mais um recado esta quinta-feira num artigo de opinião no Correio da Manhã. 

«Pensar na Câmara e em trabalho na cidade em que nasci é sempre algo que mexe muito com as minhas emoções», escreveu, para em seguida aproveitar para pôr os pontos nos i nas polémicas judiciais que o envolveram na autarquia e que serão com certeza desenterradas caso venha a ser candidato. «Chegou-se ao final de todos os processos, que foram dezenas, e nenhum ato de gestão foi considerado indevido», frisa num artigo com o título «Paciência de jó».

Curiosamente, paciência é o que Santana tem pedido ao partido desde que no Congresso em Espinho lançou um «keep cool» em resposta aos que se impacientavam com a perspetiva de uma candidatura sua.

Os calendários entretanto definidos pelos órgãos do PSD é que podem não se compaginar com tanta espera. «As candidaturas têm de estar definidas internamente até dia 17 de outubro. É a data limite», explica o coordenador autárquico do PSD, Carlos Carreiras, admitindo que o anúncio público dos candidatos terá de ser feito no máximo até ao final de março do próximo ano.

Na concelhia de Lisboa preferia-se uma candidatura lançada no mínimo a um ano de distância. «Temos de ter tempo para fazer um projeto que possa ser discutido e melhorado com os lisboetas», defendeu em entrevista ao i o líder da concelhia Mauro Xavier.

Essa posição conjugada com a ideia de que Santana Lopes quererá arrastar para o mais tarde possível uma eventual candidatura, fez com que esta semana surgisse o nome de José Eduardo Martins. O ex-deputado aparecia como hipótese numa notícia do Observador, mas já tinha sido lançado – mais em tom de provocação – por José Pedro Aguiar-Branco no Congresso de Espinho.

O SOL sabe que o nome de José Eduardo Martins é bem visto na concelhia, sendo o ex-secretário de Estado próximo de Mauro Xavier. Mas, para já, Martins não é claro sobre se o seu nome será uma possibilidade real.

«Não vale a pena acrescentar mais nenhum nome por agora, porque ainda não é tempo de personalizar as candidaturas», disse esta terça-feira no programa de comentário político da RTP3 O outro lado.

Esta é, aliás, a posição oficial do partido sobre as autárquicas. «Não é tempo de falar de nomes, mas sim de estratégias», sublinha Carlos Carreiras. Apenas uma coisa é certa: a palavra final sobre quem será candidato cabe a Pedro Passos Coelho.