Há muito tempo que a chanceler alemã Angela Merkel é pressionada para que a política de acolhimento de refugiados em vigor no seu país seja alterada.
Numa altura em que alguns dos atentados na Alemanha e noutros países europeus têm sido levados a cabo por refugiados, a pressão sobre a chanceler alemã aumenta.
Contudo, Merkel recusa-se a fazê-lo. “[Os atacantes] querem pôr em causa o nosso sentido de comunidade, a nossa abertura e a nossa vontade de ajudar as pessoas que necessitam”, disse ontem a chanceler alemã. “Rejeitamos isto firmemente”, acrescentou.
Angela Merkel, que interrompeu as férias de verão para falar ontem aos jornalistas em Berlim, afirmou que os ataques realizados por requerentes de asilo envergonham “o país que os acolheu”, mas insistiu que não se deve generalizar.
A chanceler alemã destacou ainda progressos na crise migratória. “É o nosso dever histórico e este é um desafio histórico em tempos de globalização. Nós já conseguimos muito, muito nestes últimos 11 meses”, disse Merkel.
A líder alemã falou apenas na necessidade de “um sistema de alerta inicial que permita às autoridades detetar problemas nos próprios requerentes de asilo”.
Para a chanceler, o grupo terrorista Estado Islâmico aproveita-se da crise migratória para chegar à Europa. “Depois dos atentados em Paris, sabemos que o Estado Islâmico usou ou pode usar o fluxo de refugiados para inserir forças terroristas na Europa”, acusou. “O terrorismo internacional é um perigo que não existe só na Síria, mas aqui também”, disse ainda.
Esta não é a primeira vez que o governo alemão defende a política migratória. “Não se justifica uma suspeição generalizada contra refugiados”, disse o ministro alemão do Interior, Thomas de Maizière, poucas horas depois de um requerente de asilo sírio se ter feito explodir num restaurante em Ansbach.
“Os atos dos últimos dias e semanas não revelam uma imagem uniforme. A maior parte dos terroristas que levaram a cabo ataques na Europa nos últimos meses não eram refugiados”, avançou Ulrike Demmer, porta-voz adjunta do governo.
Recorde-se que a Alemanha foi, nos últimos dias, palco de quatro ataques, três dos quais levados a cabo por refugiados ou requerentes de asilo.
Numa reação aos ataques, Merkel elencou um plano de nove pontos que inclui um aumento do número de funcionários das autoridades de segurança e uma cooperação mais aprofundada com serviços de segurança de outros países.