O calor que se tem feito sentir em Portugal fez disparar a venda de aparelhos de ar condicionado e de ventoinhas. O setor fala em recuperação e sublinha que o aumento da procura não é uma situação que esteja a marcar apenas o verão deste ano. A trajetória ascendente no número de vendas começou há dois anos.
De acordo com um estudo recente da Informa D&B, o mercado ibérico de equipamentos de ar condicionado voltou a crescer novamente nos anos 2014 e 2015, após seis anos consecutivos em queda.
Os dados de um estudo setorial sobre equipamentos de ar condicionado no mMercado ibérico apontam mesmo para um crescimento das vendas acima dos 20%, para 1015 milhões de euros.
Na origem deste aumento está principalmente a vaga de calor que se fez sentir no país vizinho durante o ano passado. De acordo com a análise feita, nestes dois anos o mercado espanhol cresceu 22%, para 898 milhões de euros, enquanto o mercado português cresceu 6,4%, valendo 117 milhões de euros.
E esta tendência tem-se mantido. Neste último mês de julho – o segundo mais quente desde 1931 – a venda destes produtos disparou mais de 100%. Só a Worten garante que a procura “mais do que duplicou por comparação a julho de 2015, registando um crescimento de 140%”.
Um aumento da procura que se justifica com o calor que se tem feito sentir em todo o país e que já fazia parte das estimativas deste setor. A perspetiva é de que a procura vai continuar a aumentar também no próximo ano. De acordo com os dados da Informa D&B, “no biénio 2016-2017 prevêem-se novos aumentos do valor do mercado, num contexto de evolução favorável do consumo das famílias, uma retoma da atividade no setor da construção e o aumento do investimento das empresas”.
Para estas previsões muito tem contribuído o facto de as vagas de calor serem cada vez mais frequentes. De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), o mês de julho ficou marcado por temperaturas máximas e mínimas muitos superiores ao normal para o mês em questão.
Segundo os dados do organismo, o valor médio da temperatura do ar durante o mês passado foi de 24,33 graus, mais dois graus em comparação com o valor médio registado entre 1971-2000.
Procura aumenta
A verdade é que, apesar de haver um aumento das vendas, o número de empresas produtoras tem vindo a diminuir. O motivo? Esta tendência decrescente é fruto do encerramento da “atividade de muitas delas e também de operações de concentração”.
O problema da concentração é, aliás, um dos mais críticos. “A oferta setorial apresenta um alto grau de concentração. Em 2015, os cinco principais operadores do mercado ibérico detinham uma quota conjunta sobre as vendas totais próxima dos 54%, percentagem que sobe para 73% quando considerados os dez principais”, explica este estudo.
Em 2015, das cerca de 75 empresas em atividade no mercado ibérico, cerca de 60% estavam situadas em Espanha e os 40% restantes em Portugal. A dimensão média das empresas é menor em Portugal, “uma vez que as suas empresas se dedicam quase exclusivamente à comercialização de equipamentos importados, enquanto em Espanha existem várias empresas com atividade produtiva ou grandes centros logísticos”.