Passos Coelho decretou, na Festa do Pontal, que o governo está esgotado e garantiu que o partido está a começar a “preparar” o regresso ao poder com o lançamento de um debate sobre políticas sociais com instituições de solidariedade social, mas também com as universidades e as empresas.
Perante cerca de 2000 militantes e simpatizantes que marcaram presença na rentrée do partido, em Quarteira, Passos anunciou a realização de uma Convenção Nacional e virou o discurso para as questões sociais. “Queremos com todos aqueles que estiverem disponíveis fazer uma reforma ampla para combater as profundas desigualdades que permanecem na sociedade portuguesa”, disse o líder do PSD, que tem sido acusado de centrar o discurso nas questões financeiras e ignorar os problemas sociais.Passos dedicou, porém, boa parte do seu discurso com críticas ao governo por falhar na promessa de colocar o país a crescer.
Ao ponto de afirmar que “esta solução de governo está esgotada” e não tem nada para oferecer que não seja “estagnação” e conflitos com “os credores” e “as instituições europeias”.
O PSD, garantiu Passos Coelho, não será “cúmplice do que está a acontecer em Portugal” e só estará disponível para “acabar com esta cultura política de empurrar com a barriga”. Passos começou o discurso por comparar os dados de 2015, quando ainda era primeiro-ministro, com aqueles que são conhecidos desde que António Costa chegou ao governo com o apoio da “esquerda radical” e não tem dúvidas de que o país está pior.
“Há um ano toda a atividade económica mexia. As pessoas estavam confiantes. Um ano depois os dados não são os mesmos. No espaço de um ano as coisas alteraram-se e não se alteraram para melhor”, disse o presidente do PSD. Ao contrário do que acontece em 2016, Passos disse lembrar-se de que “como no mês de Agosto de 2015 tínhamos boas razões para estar confiantes”, porque o consumo estava a retomar, o investimento estava a atingir o nível mais alto e tínhamos boas notícias do lado das exportações”.
DISCURSO DERROTISTA Uns minutos antes de Passos Coelho começar o discurso, em Quarteira, o ex-líder social-democrata Luís Marques Mendes voltou a criticar a estratégia desta direcção do PSD. Marques Mendes defendeu, no seu comentário na SIC, que Passos tem “um discurso muito derrotista” e “concentrado no passado”. Para Marques Mendes o discurso do PSD peca por ser “muito centrado nas questões financeiras” e ignorar “as questões sociais”. Marques Mendes aconselhou ainda a direção do PSD a criar uma equipa de porta-vozes, porque o partido está muito reduzido a Passos Coelho e à ex-ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque. “Isso não é bom. É preciso ter outras figuras”. O ex-líder do PSD considerou ainda que se o PSD não vencer as eleições autárquicas pode “haver uma crise interna ou uma crise de liderança”.