Carlos Alexandre "é a pessoa que guarda o maiores segredos do país". Assim é colocada ao juiz que mandou prender José Sócrates e Ricardo Espírito Santo a pergunta na primeira grande entrevista, à SIC.
"Se traduzirmos essa palavra por 'eu conheço muita da realidade económica de alguns negócios, de algumas operações bancárias, de algumas decisões políticas, de decisões jurisprudenciais – atrevo-me a dizê-lo -, o que se passa nos bastidores delas, de facto conheço muita da realidade", diz num vídeo promocional da entrevista no canal.
E sente pressão? "Sinto essa pressão porque tenho uma memória fabulosa. Sei páginas, nomes, alcunhas, episódios", diz, confessando, no entanto, que não anda a coleccioná-las. "Não ando sempre a pensar nisso".
Acha que por causa disso as pessoas têm medo de si? Aqui, respondeu com algum humor. "Não sou pessoa de quem ninguém deva ter medo. Tenho 1,69 metros no bilhete de identidade, agora estou um pouco mais magro, tenho 80 quilos, ainda estou um pouco anafado. Seria perigoso se eu usasse essa informação".
Se fosse usado para o mal podia ser perigoso? "Se fosse para o mal é que eu era realmente muito perigoso. Podia ser muito perigoso, mas sabe eu sou um grande cultor, parece um chavão, da lei moral de Kant", atira, e cita o filósofo alemão.
"Age de uma forma tal que queres que outros ajam em relação a ti da mesma maneira”. E diz que não entende por que razão as pessoas devam ter medo.
"Custa-me a crer até que as pessoas possam imaginar que eu tenha esse poder. Mas que poder é que eu tenho?", questiona-se.
Quando cabe ao "super juiz" assinar a ordem que manda prender o maior banqueiro do país, um antigo primeiro-ministro, um deputado, um politico, sente que é a sua cabeça que está no cepo?
"Mas evidentemente, não pode ser de outra maneira", atira.
Nunca se arrependeu? "A pensar 'se eu soubesse as complicações que isto iria causar?' Isso ainda não me aconteceu. Se tivesse medo não me levantava da cama".