“Pela positiva” foi a frase que se destacou pela novidade na rentrée do CDS deste fim de semana, em Oliveira do Bairro. O novo mote, vísivel nos cartazes que ladeavam Assunção Cristas a anunciar a sua candidatura a Lisboa, pretende afastar-se da postura mais céptica adoptada pelo PSD sob a liderança de Pedro Passos Coelho.
A direção de Cristas distancia-se assim das memórias de coligação com os sociais-democratas, impopularmente ligadas a tempos de auteridade, aspirando a afirmar-se como defensora da classe média e maior crítica aos partidos da esquerda.
A ideia de “fazer política pela positiva” passará por evitar fazer previsões económicas negativas, preferindo apostar em episódios do quotidiano.
“A agenda do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista está a ser paga com cativações de serviços públicos e essa degradação sente-se. As escolas estão a pedir às crianças para trazerem o papel higiénico de casa e a ação social também sofreu cortes”, afirma fonte próxima da direção de Cristas, com dos exemplos que o CDS quer usar no seu discurso de oposição.
O partido da classe média Para o CDS, a devolução imediata de salários e pensões na Função Pública e o regresso das 35 horas semanais estão a ser pagas à custa da classe média, com aumentos de impostos e cessação do investimento. A ideia dos centristas é a de que devem combater isso através da denúncia dos partidos que suportam a solução de governo e de propostas concretas, nomeadamente para o Orçamento do Estado do próximo ano, num estilo de oposição cada vez mais distante de Passos Coelho, que aposta na “iminência” do desastre.
O CDS “quer evitar que o debate político fique sem alternativas”, defende a mesma fonte ao i, que explica que “o objetivo é constituir uma alternativa sensata”. Esta é aliás, uma atitude vai ao encontro do estilo conciliador que Marcelo Rebelo de Sousa assumiu desde que chegou à Presidência da República. A oposição que o CDS procura estará mais próxima do estilo de Rebelo de Sousa, até pelas preocupações sociais que ambos vêm a manifestar.
O CDS quer, assim, aproximar-se de Marcelo, à medida que se nota a distância entre o Presidente e a liderança do PSD – em desacordo, por exemplo, relativamente ao contributo de António Costa nas negociações entre Isabel dos Santos e a banca e quanto ao cumprimento do défice. Por outro lado, nas ocasiões em que o Presidente criticou diretamente o executivo do PS, Belém e os centristas coincidiram no tempo das críticas. Foi assim na reação aos secretários de Estado que aceitaram convites da Galp para jogos de futebol, com o ataque ao número de administradores da Caixa Geral de Depósitos e com o acesso da Autoridade Tributária a contas bancárias, que o PSD não atacou.