Pedro Passos Coelho está a ser atacado em todas as frentes por marcar presença na apresentação do livro “Eu e os Políticos”, da autoria do ex-diretor do “Expresso” e do “SOL”, José António Saraiva, com revelações sobre a vida íntima de alguns políticos.
A polémica não fez, porém, Passos Coelho mudar de ideias, apesar de garantir que desconhecia o conteúdo do livro quando foi convidado para o apresentar. “Não sou de voltar com a palavra atrás. Não sou de me andar a desculpar e dar o dito por não dito. É uma obra dele, não é uma obra minha”, disse.
No PSD há quem lhe critique a teimosia, mas também quem desvalorize esta polémica com o argumento de que se trata de um fait-divers. Duarte Marques, deputado social-democrata e ex-líder da JSD, aceita comentar o caso e admite que o melhor seria Passos não aparecer associado à apresentação deste livro. “Não sei se é mais cretino quem escreve algo assim se a tentativa de responsabilizar Passos Coelho pelo que está escrito no livro. Sabendo o que se sabe hoje teria sido preferível não ir, mas esta conversa só interessa para distrair as pessoas do assalto que o Bloco, PCP e PS se preparam para fazer no Orçamento do Estado”. O vice-presidente da bancada laranja Carlos Abreu Amorim, sem se referir diretamente à polémica, também defendeu que “os apoiantes da geringonça vão fazer tudo o que puderem para afastarem a atenção das pessoas dos temas que é realmente importante discutir. A tática, simples mas eficaz, é ficarmos todos entretidos com matérias supérfluas, de “bric à brac” social e político, como se fossem questões essenciais, em vez de interiorizarmos a gravidade da estagnação económica, a intrujice dos novos impostos e a desolação das promessas incumpridas”.
O assunto, apesar de Passos Coelho ter apelado para que esta polémica “não seja transformada numa questão de natureza partidária”, já entrou no debate político. O líder parlamentar do PS, Carlos César, criticou Passos, na rentrée do PS, por apadrinhar o lançamento da obra, no dia 26, em Lisboa.
Nas redes sociais, Ribeiro e Castro, ex-líder do CDS, defendeu que o presidente do PSD “não faz só mal, nem muito mal, nem muitíssimo mal. Faz pessimamente”. Castro defendeu que “se declinar, agora, o convite, ninguém lhe levará a mal”.
As maiores críticas vieram da esquerda. Edite Estrela, presidente da comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, escreveu, na sua página de Facebook, que “José António Saraiva escreveu o que não devia ter escrito. Pedro Passos Coelho vai apresentar o que não devia ser apresentado. Estou para ver quem vai estar na assistência”.