Chegou setembro mas não chegou “o Diabo” que Passos Coelho prometeu. As suas previsões continuam a apostar no catastrofismo e o governo permanece indiferente.
No final de uma iniciativa do PSD em Castelo Branco, o líder social-democrata acusou o Partido Socialista de tentar “reescrever a história”.
Baseando-se num estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos lançada na semana passada, Passos afirmou: “Ficámos a saber, por exemplo, das conclusões que foram apresentadas como sendo conclusões que se reportam àquilo que foi o período de ajustamento, que o impacto mais significativo, mais de metade do impacto que é apresentado como sendo das políticas do programa de ajustamento, tiveram lugar entre 2009 e 2011”.
O estudo sobre as desigualdades apresentou a pobreza portuguesa como consequência do período de ajustamento.
Passos Coelho argumentou que o título do estudo, que refere o pedido de resgate em 2011, vai contra o próprio estudo, que começa em 2009, em ano de governação socialista.
“É um exercício de falsificação na qual o PS e hoje os seus aliados se esforçam por fazer quando não têm mais nada para apresentar e é um resultado de falsificação que deve ser denunciado”, declarou, sustentando a crença de que a sua governação corrigiu a tendência do executivo de José Sócrates, que teria prejudicado os mais desfavorecidos.
O presidente dos sociais-democratas acusou também o governo liderado por António Costa de trair a confiança dos investidores e assim prejudicar a economia. “Agora dá a impressão de que o governo em funções se aplica em colocar Portugal no radar do desinvestimento. E, praticamente todas as semanas, envolvem-se em novas polémicas que assustam os investidores, afastam Portugal de um radar positivo, estável e de confiança, para o colocar num radar de um país com instabilidade fiscal, com incerteza quanto ao futuro”.
Passos não deixou de enaltecer o comportamento divergente do seu governo – de 2011 a 2015 – quando comparado com o atual. “Ora, nós fomos bem sucedidos em colocar Portugal nesse radar do investimento direto externo e conseguimos, de facto, fosse para a dívida pública, fosse para a economia real, para a parte mais produtiva da nossa economia, atrair investimento externo”.
O líder do PSD terminou com nova alusão aos erros cometidos pelo governo de José Sócrates, desta vez comparando-o António Costa com “períodos que passámos há uns anos, quando os governantes se dedicavam a negar a realidade e a transformar o debate público numa espécie de anedota pública sobre aquilo que deveriam ser os fundamentos do crescimento do país”.