PSD inicia marcação a Cristas em Lisboa

Coordenador do programa para a Câmara de Lisboa vai ter agenda cheia. São quase 40 eventos onde José Eduardo Martins vai fazer uma campanha antes da campanha.

Uma campanha antes da campanha. Enquanto o PSD não define o candidato a Lisboa, José Eduardo Martins parte para a rua e garante que os sociais-democratas não perdem o comboio autárquico na capital.

José Eduardo Martins, que foi ontem anunciado como o responsável pelo programa eleitoral do PSD para a Câmara de Lisboa, vai ter uma agenda cheia. Entre outubro e 31 de março, estará em 24 eventos, um por cada junta de freguesia, e mais 11 ou 12 de âmbito geral sobre a cidade.

Marcação a Cristas “É uma maneira de termos alguém no PSD a pensar Lisboa e a falar de Lisboa”, explica ao i o presidente da concelhia lisboeta do PSD, Mauro Xavier, que assume como sua a escolha de José Eduardo Martins para a função. 

“A paternidade da ideia é minha. É uma pessoa muito capaz é muito qualificada”, diz Mauro Xavier, sem querer revelar se a escolha de Martins para este papel foi ou não concertada com Pedro Passos Coelho. “Isso são coisas da vida interna do partido, que não comento”, limita- se a afirmar.

A agenda cheia de José Eduardo Martins nos próximos meses garante para já uma coisa: Assunção Cristas, a única candidata anunciada no centro-direita, não ficará a falar sozinha. Com Cristas pronta para ir para o terreno para preparar a campanha para as eleições autárquicas de 2017, o PSD passa assim a ter também alguém que pode começar a preparar o trabalho até dia 31 de março, a data limite definida pelo partido para a apresentação de um candidato.

Nesse dia, explica Mauro Xavier, o candidato do PSD à Câmara de Lisboa terá “80% do programa feito”. Resta saber quem será esse candidato, mas aí a palavra de ordem continua a ser o “keep cool”. O PSD mantém-se à espera de Pedro Santana Lopes. Santana continua num ‘nim’ que deixa tudo em aberto.

Há meses que o presidente da concelhia do PSD Lisboa defendia a necessidade de começar a campanha pelo menos um ano antes das eleições. Mauro Xavier chegou mesmo a defender esse calendário em entrevista ao i ainda antes do verão. Mas o facto do candidato mais desejado, Pedro Santana Lopes, tardar em dar o sim definitivo veio impossibilitar a ideia de construir um caminho com tempo até às eleições. Esta solução de ter um responsável pelo programa eleitoral nas ruas acaba por dar oportunidade ao PSD para ir definindo a sua política para a capital, mesmo sem um candidato anunciado.

Palco para crítico? José Eduardo Martins chegou a ser falado – e testado em sondagens internas – como possível candidato à Câmara de Lisboa. Mas tinha dois problemas: os resultados dos estudos de opinião não eram animadores e havia quem na direção do PSD não visse com bons olhos dar palco a um dos poucos social-democratas que nunca hesitou em criticar Passos Coelho publicamente e que é mesmo visto como uma alternativa num ciclo pós-Passos.

Ao ser nomeado para construir o programa eleitoral autárquico para Lisboa, José Eduardo Martins fica fora do baralho de possíveis candidatos. Mas esta espécie de campanha antes da campanha acaba por lhe dar alguma notoriedade, apesar de não tanta quanta poderia angariar numa candidatura em nome próprio.

Com esta escolha, fica mais curto o rol de possibilidades alternativas para o caso de Santana não ser candidato. Jorge Moreira da Silva e Maria Luís Albuquerque são ainda nomes de que se fala como hipóteses. Mas nem na concelhia nem na direção do PSD se quer alimentar essa especulação. Pelo menos para já, estão todos à espera de Santana.