Fernando Medina afirmou que o novo ciclo político, que se iniciou há um ano, tem aumentado a confiança dos portugueses nas instituições e realçou que Lisboa será uma “cidade de pontes” num tempo de muros.
“Celebramos este ano o dia da República como devemos: em dia feriado, e festivo, e numa praça aberta ao povo. Porque é desta forma que deve ser evocado o momento chave da nossa história”, afirmou o presidente da Câmara de Lisboa, num discurso na celebração do 5 de Outubro.
O autarca socialista realçou que, há um ano, começou “um novo ciclo político” em Portugal, que está “a dar resposta à vontade expressa pelos portugueses nas eleições” e tem levado a um aumento da confiança dos portugueses “em si próprios e nas instituições”. “Ao fazê-lo, transformando, todos os dias, os impossíveis de ontem em alternativas reais de hoje, a nova maioria parlamentar está a contribuir para a normalização da vida do país e está a aproximar os cidadãos das instituições políticas”, acrescentou.
Medina destacou ainda o papel do Presidente da República, considerando que “a proximidade no exercício do poder público”, bem como “a concentração em alargar maiorias de solução e não ampliar minorias de bloqueio” e “o diálogo continuo e claro com os portugueses” tem levado a um “reforço da confiança e esperança no país”.
“Hoje, temos instituições mais alinhadas com o sentido dos portugueses e temos um país mais consciente das suas possibilidades. É por isso um pais com mais confiança para construir o futuro”.
Lisboa a agarrar “oportunidades do presente para construir um futuro melhor”
Para o presidente da Câmara, uma vez restabelecida a confiança dos portugueses, é necessário passar para uma nova fase de “mobilização para o desenvolvimento, progresso e bem estar dos portugueses”. “Uma mobilização que permita focar energia nos fatores chaves: educação, ciência, tecnologia, cultura, inovação, abertura e coesão”.
Apesar das dificuldades que se fazem sentir na Europa e dos “desafios urgentes no financiamento da economia e das empresas”, o socialista destaca “um conjunto de forças modernizadoras sem paralelo no passado” de que Portugal dispõe, nomeadamente “jovens qualificados”, “empresas exportadoras”, um bom “sector do turismo”, boas “universidades” e “agentes culturais”.
“Existe hoje no país um potencial inovador, criativo e empreendedor que está a saber agarrar as oportunidades que surgem todos os dias. Lisboa é lugar central dessas dinâmicas”, defendeu o autarca. Destacou ainda a Web Summit, um evento de tecnologia que se realiza na capital no próximo mês, que irá atrair investimento e dar apoio à internacionalização de empresas portuguesas; o “crescimento do turismo” e “visibilidade internacional” que tem permitido uma requalificação e modernização mais rápida da cidade.
“Em Lisboa não estamos à espera de outro tempo ou de outro vento. Estamos a agarrar todas as oportunidades do presente para construir um futuro melhor”.
Mas as desigualdades na destruição do rendimento também são uma realidade, que se faz sentir em particular na capital, sublinha Fernando Medina. “As restrições orçamentais são uma realidade e um desenvolvimento mais assente em inovação e conhecimento vai gerar novas exclusões. Tudo isto é verdade, mas não permite adiar o inadiável”, defende.
“Reforçar coesão social impõe-se por razões de justiça e dignidade, mas também porque é vital no desenvolvimento do país”, disse ainda o autarca, referindo que “a coesão é condição para desenvolvimento”.
Fernando Medina referiu ainda que estão a ser lançadas as “bases da mais ambiciosa política pública de habitação das últimas décadas”, que serão dirigidas à classe média.
Os problemas da migração e Lisboa como “cidade de pontes”
O autarca abordou ainda a questão da migração, definindo-o como “o debate central do nosso tempo”. “Todos os meses morrem, às portas da Europa, seres humanos iguais a nós. Iguais excepto na sorte. Morrem porque o sentido de humanidade e vontade política, e construir sociedade aberta para todos, na Europa, está a dar lugar à construção de barreiras e muros”.
O socialista acredita que este é um debate “que irá moldar o nosso futuro” e realça que a “inovação” e a “criatividade” precisam de um “mundo aberto”. Para o autarca, Lisboa é um exemplo de “capital moderna”, que acolhe todas as pessoas, respeitando a diferença. “E é assim que nos queremos manter. Num tempo de muros, seremos uma cidade de pontes e de luz. Do lado da abertura, da tolerância, do multiculturalismo e da confiança. Porque assim estaremos do lado certo da história e assim honraremos a República”, concluiu.
Atualizado às 12h20