“Para descrever o que sinto neste momento bastam duas palavras: humildade e gratidão”. Foi assim que António Guterres começou a sua declaração pública, esta quinta-feira no Ministério dos Negócios Estrangeiros.
O Conselho de Segurança da ONU aclamou por unanimidade o nome do candidato português para próximo secretário-geral das Nações Unidas. Recomendação que terá de ser aprovada pela Assembleia Geral, órgão que decide oficialmente quem será o próximo secretário-geral – o Conselho de Segurança apenas recomenda um candidato que, à partida, será o escolhido pela Assembleia.
O ex-primeiro-ministro português disse estar grato aos membros do Conselho de Segurança pela “confiança”, mas também à Assembleia Geral e aos Estados-membros por este processo que foi conduzido de forma “exemplar”, com “transparência”e “abertura”. Guterres dirigiu também uma “palavra especial” aos restantes candidatos, cuja “capacidade”, “inteligência” e “empenho” muito contribuíram para o “prestígio” das Nações Unidas.
Guterres afirmou ainda que foi com “emoção” que soube que o seu nome tinha sido decidido pelo Conselho de Segurança em “consenso” e de forma rápida. E espera que seja um facto que “represente a capacidade do Conselho de Segurança” de tomar decisões sobre os “desafios e os problemas do mundo” de forma também consensual e célere.
A palavra humildade foi utilizada pelo ex-governante para se referir aos “desafios” que o esperam. Falou ainda na humildade que será necessária para “servir os mais vulneráveis, as vítimas de conflitos, do terrorismo, das violações dos direitos, da pobreza e das injustiças do mundo” e na humildade "para reconhecer a inspiração" proveniente da "coragem e generosidade” dos trabalhadores das Nações Unidas, que ao serviço da organização enfrentam “os maiores perigos”.
"Não sou secretário-geral"
“Acabo de ser recomendado para secretário-geral, mas não sou secretário-geral”, sublinhou ainda Guterres, numa referência ao atual líder da ONU, Ban Ki-moon, cujo mandato termina no dia 31 de dezembro. O português quis prestar homenagem ao sul-coreano e instou todos os Estados-membros a apoiarem as suas “iniciativas” para que o seu mandato termine “com o maior êxito”.
O discurso foi feito em português, inglês, francês e espanhol, mas apenas na sua língua materna Guterres dirigiu uma palavra aos portugueses e agradeceu ao Presidente da República, ao Governo, à Assembleia da República, às forças sociais e aos diplomatas pela “campanha extremamente eficaz” que conduziram.