Na madrugada de dia 11, o principal suspeito, Pedro João Dias, 44 anos, de Arouca, terá matado a tiro um militar da GNR e um civil e baleado outras três pessoas, duas delas com gravidade. No local identificado pelas autoridades como sendo o mais provável para capturar o fugitivo em fuga – Candal, Póvoa das Leiras e Coelheira – caiu, entretanto, mais uma noite. Quase 48 horas depois dos crimes, o homem que é apontado como um piloto de aviões e que passou uns anos na África do Sul continua sem deixar rasto. Ou melhor, o pouco rasto que alegadamente deixou – alguns objetos encontrados junto à aldeia de Candal, São Pedro do Sul – não foi ainda suficiente para as autoridades cumprirem o que procuram com todos os meios: capturar um indivíduo apontado pela unidade de intervenção da GNR como “um homem perigoso”.
De tal forma que ao final do dia de ontem, quarta-feira, com o aproximar da noite, as buscas na zona de São Pedro do Sul foram suspensas, apesar de, no terreno, ter havido um reforço de meios.
A GNR, que cobre na sua ação cerca de 94% do território nacional, tinha em campo mais de 200 homens dos comandos territoriais dos distritos da Guarda, Viseu e Aveiro, por onde se espera que ande algures o fugitivo. Os crimes aconteceram em Aguiar da Beira, distrito da Guarda. O perseguido terá sido alegadamente avistado na zona de São Pedro do Sul (onde abandonou um carro), distrito de Viseu, e é natural de Arouca, distrito de Aveiro. As autoridades admitem que o fugitivo poderá estar a deslocar-se nessa direção.
Mas apesar da desproporcionalidade de meios – mais de 200 à procura de um (as forças policiais suspeitam que pode haver uma segunda pessoa envolvida no crime) –, Pedro João Dias continua a monte. E pelos montes da região têm andado elementos da Unidade de Intervenção da GNR, especializada em operações especiais e cinotecnia (cães especialmente treinados para operações de busca, por exemplo).
As autoridades, que na noite de terça-feira tinham apelado às populações de Candal, Póvoa das Leiras e Coelheira para se refugiarem em casa e trancarem portas e janelas, e advertido para não abrirem a porta a desconhecidos, acabaram por informar os habitantes destas localidades, durante o dia de ontem, que já podiam sair das suas residências. Apelaram também para não ficarem parados no interior das viaturas, na via pública.
Num comunicado distribuído ontem podia ler-se: “A GNR informa que não será necessário manter esta medida durante o dia, podendo os residentes regressar às suas atividades.” O forte dispositivo mantido na região visa também, de acordo com as autoridades, “garantir, em primeiro lugar, a segurança de todos os habitantes”.
Os responsáveis pela operação decidiram também ontem reabrir ao trânsito a Estrada Nacional 326, por onde é possível fazer a ligação entre São Pedro do Sul e Arouca. Todavia, voltaram a insistir junto das populações para que continuem atentas e, em caso de alguma suspeição, avisarem de imediato a polícia, através dos números 112 ou 232467940.
O responsável pelas relações públicas do Comando Distrital da Guarda, major Pedro Gonçalves, confirmou em declarações aos jornalistas que o suspeito terá sido “avistado cerca das 15h00 de terça-feira”, no dia em que os crimes foram cometidos, não havendo posteriormente qualquer “outro avistamento”.
O principal suspeito foi identificado desde cedo pelas autoridades. A sua carta de condução foi encontrada num dos bolsos do militar da GNR morto na madrugada de terça-feira.
Aparentemente, na reconstrução – “linha de tempo” – avançada pela GNR, o crime terá acontecido na madrugada de terça-feira durante uma ação de patrulhamento de rotina. Os dois militares, sem qualquer alerta ativado, terão suspeitado de uma viatura estacionada junto a uma obra em construção. Terá sido durante esse encontro que se cruzaram com um ou mais indivíduos. Foi nesse local – junto à zona industrial de Aguiar da Beira – que foram baleados. De acordo com a GNR, os seus homens nem tiveram tempo de reagir e empunhar as armas em autodefesa. Depois, um foi abandonado no local, baleado, e o outro metido na mala do carro-patrulha, encontrado mais tarde abandonado e nas imediações do qual foi encontrado um casal – o homem, já sem vida, a mulher em estado crítico. O resto da história é conhecido. Começou aqui a caça ao homem.