O presidente do PSD Pedro Passos Coelho acusa o presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD) de “andar a atirar areia para a cara das pessoas. O processo de reestruturação da Caixa abriu uma polémica entre o líder social-democrata e António Domingues. Passos Coelho afirmou ontem, numa visita ao Festival Nacional de Gastronomia, em Santarém, que o presidente da CGD “atira um bocadinho de areia para a cara das pessoas e se é para andar a atirar areia para a cara das pessoas não valia a pena estar a pagar aos novos administradores o dobro do que pagavam aos anteriores. É um mau começo”.
A troca de palavras começou com Passos Coelho a acusar o governo, numa entrevista ao jornal “Público”, na sexta-feira, de ter sido “desastroso” na gestão do processo da CGD. “Propôs-se fazer um processo de reestruturação preparado por quem nem era ainda administrador do banco. Repare: a mesma pessoa que não era administrador da Caixa e tinha condicionado até a decisão de aceitar ser presidente à solução que se encontrasse em Bruxelas para a recapitalização, acedeu a toda a informação privilegiada da CGD quando não tinha ainda qualquer responsabilidade formal nessa administração”. Passos garantiu ainda que “essa mesma pessoa, hoje, ao abrigo do sigilo, recusa-se a dar a conhecer ao parlamento aquilo que ele próprio conheceu quando ainda nem era presidente da Caixa”.
O presidente do banco público respondeu ontem a Passos Coelho com a garantia de que “não é verdade que tenha tido acesso a qualquer informação privilegiada da CGD para elaborar o plano estratégico que suportou as negociações do governo português com a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu”. António Domingues sustenta que “quem conhece o setor e tem experiência adequada sabe que a informação pública disponível era suficiente para a elaboração de tal plano”.
Passos não deixou o presidente da CGD sem resposta e defendeu que “ou o plano de recapitalização, que foi negociado em Bruxelas com base no trabalho do atual presidente da CGD, não teve acesso à informação adequada e nesse caso significa que é uma mistificação política e outro vai ter de ser feito, ou então, foi feito e é fundamental explicar que informação foi usada, ou não, e de que forma foi feito esse plano de recapitalização”.
Perante a resposta de António Domingues, Passos entende que “explicações cabais vão mesmo ter de ser dadas ao país”. O líder social-democrata defendeu que é preciso responder no parlamento “sobre o que é que se passou, o que é que consta desse plano de recapitalização e do plano de reestruturação da Caixa”.