Síria. Bombardeamentos atingem escola e matam 14 crianças

Observatório Sírio para os Direitos Humanos diz que o ataque foi liderado pela aviação russa

Pelo menos 22 pessoas morreram, esta quarta-feira, em Hass, na província síria de Idlib, depois de um ataque levado a cabo, alegadamente, pela aviação russa ou síria. Os bombardeamentos atingiram uma escola daquela vila, localizada a cerca de 70 quilómetros de Alepo, e entre os mortos contavam-se 14 crianças.

A cadeia britânica BBC refere que os meios de comunicação locais, ligados ao regime de Bashar al-Assad, congratularam-se pela morte de “vários terroristas”, enquanto o grupo de ativistas do Observatório Sírio para os Direitos Humanos divulga imagens de cadáveres de crianças e garante que os ataques foram perpetrados por aviões pertencentes à Federação Russa. “As crianças mortas eram estudantes e os aviões eram russos”, acusou Rami Abdel Rahman, líder do grupo, com sede no Reino Unido, citado pela Al-Jazeera.

Um outro ativista, que optou por falar sob condição de anonimato contou que “um míssil atingiu a entrada da escola, numa altura em que os estudantes saíam para irem para casa”.

Também os Capacetes Brancos, uma equipa humanitária síria, que presta ajuda aos civis, no terreno, confirmou os bombardeamentos à escola de Hass e disse que morreram mais de 20 pessoas no total.

A província de Idlib, a sudoeste de Alepo – onde os bombardeamentos têm sido mais intensos – é controlada por uma aliança de grupos rebeldes da Síria e começou, nas últimas semanas, a ser alvo de ataques continuados. Um dos grupos que controla a região é a Fateh-al Sham, a antiga Frente al-Nusra, que se distanciou recentemente da Al-Qaeda, e é uma das principais forças de oposição ao regime de Damasco.

Os bombardeamentos à escola de Hass, surgem poucos dias depois de mais de 80 organizações humanitárias e defensoras de direitos humanos terem divulgado um comunicado conjunto, no qual pedem às Nações Unidas para repensarem a presença da Federação Russa no Conselho dos Direitos Humanos da ONU, já nas eleições da próxima sexta-feira, naquele órgão.

“As ações da Rússia na Síria (…) contrastam com o seu compromisso retórico para com os direitos humanos”, pode ler-se no comunicado, partilhado na segunda-feira no site da Human Rights Watch, uma das organizações que ratificou o documento. “Quando decidirem que candidato da Europa de Leste irão apoiar, os Estados-membros devem considerar criteriosamente se os abusos da Rússia (…) são compatíveis com os princípios e objetivos da principal instituição inter-governamental de direitos humanos”, conclui o comunicado, depois de elencar vários argumentos que diz comprovarem os crimes cometidos por Moscovo na Síria.

Para além das 22 mortes confirmadas, no ataque em Hass, dezenas de pessoas estão em estado crítico.