BCP cai a pique com fusão

A estreia em bolsa, depois da fusão de ações, ficou marcada pelo vermelho. Analista acredita que cotação vai ficar acima de 1 euro.

Desde que procedeu à fusão de ações – 75 para uma – na passada segunda-feira, os títulos do  BCP têm vindo a desvalorizar consecutivamente no mercado bolsista. Os analistas já tinham alertado para o risco de volatilidade, mas não acreditavam que fosse por tanto tempo. «A volatilidade continua evidente na cotação do BCP, apesar de menos títulos disponíveis e uma cotação mais elevada, o título tarda em conseguir estabilizar», diz ao SOL Eduardo Silva, gestor da corretora XTB.

Ainda assim, o analista acredita que «com bons dados do Millenium Bank, que continua a mostrar um potencial elevado, o título deverá conseguir manter a cotação acima de um euro no médio prazo».

O banco liderado por Nuno Amado avançou para o ‘reverse stock split’ depois do grupo Fosun ter colocado essa exigência para entrar no capital da instituição portuguesa. Com as ações a cotarem na casa dos cêntimos, o objetivo era travar a volatilidade em bolsa de uma cotada que tinha mais de 59 mil milhões de títulos. Depois da fusão de ações, desapareceram 58 mil milhões desses títulos.

A somar a este risco há que contar ainda a expectativa dos investidores em relação à apresentação de resultados do banco. A instituição financeira  vai reportar as contas relativas ao terceiro trimestre no próximo dia 7 de novembro, ou seja, nas vésperas de assembleia-geral de acionistas, onde vão votar mais duas propostas que vão permitir a entrada da Fosun: o aumento do limite de votos de 20% para 30% e ainda o alargamento da administração do banco de 20 para 25 membros.

Eduardo Silva lembra, no entanto, que «a estrutura do banco é hoje mais dinâmica, a reestruturação, o investimento da Fosun e o sentimento mais positivo no setor poderão servir de base para uma recuperação de longo prazo», acrescentando ainda que, se os resultados superarem as expectativas, «o sentimento em torno da instituição deverá inverter».

O que é certo é que esta operação «serviu para ‘maquilhar» um pouco a reputação da empresa, já que ter um banco com ações a 0,01 euros ou a 1,30 euros é diferente ao nível da confiança que passa ao mercado.

Também é certo que  a queda do BCP coincide com as negociações que estão a ser levadas a cabo com a Fosun que pretende ficar com 16,7% do BCP, mas que poderá reforçar até aos 30%. Ontem as ações do banco liderado por Nuno Amado fecharam a cair 1,89% para 1,25 euros.