O Bloco de Esquerda ainda não definiu o perfil dos candidatos às eleições autárquicas. Isso só vai acontecer em dezembro, depois de encerrado o capítulo Orçamento do Estado. Mas o tema é incontornável na agenda do partido. Ainda esta terça-feira, em entrevista ao “Jornal de Notícias”, a destacada deputada e dirigente do Bloco Mariana Mortágua afastou a ideia de se apresentar como candidata do partido à Câmara de Lisboa. O partido deve “apostar nos autarcas que formou”, defendeu.
Por sua vez, Ricardo Robles, quadro do partido formado na ação local e membro da assembleia municipal da capital, não excluiu uma candidatura à principal câmara do país. “Não recuso nenhum combate”, disse ao “Diário de Notícias” no início do mês. E apontou a eleição de um vereador em Lisboa, em 2017, como “objetivo principal do partido”.
Todavia, em declarações ao i, fonte do Bloco mostrou-se prudente ao abordar as eleições autárquicas, designadamente para a capital.
“Em Lisboa, por exemplo, o partido tanto pode avançar com a candidatura de um dirigente nacional como com a de um quadro (um autarca) formado na experiência do trabalho na cidade. Temos de definir esse perfil. E temos soluções para qualquer uma das escolhas”, adiantou a fonte.
Recordou que o partido conseguiu eleger diretamente quatro deputados municipais em Lisboa, não excluindo, por isso, a “hipótese de ser desse lote que possa sair o futuro candidato do Bloco à câmara”.
Mas não deixou de lembrar que, no passado, o partido escolheu sempre avançar com “caras” nacionais para Lisboa, como Miguel Portas, Sá Fernandes, Luís Fazenda, João Semedo e Ana Drago (em 2013), tendo nestas últimas ficado à porta de eleger um vereador. “Faltaram apenas 52 votos para o conseguir.”
“Nenhuma das opções está afastada. Isso vai ficar definido em breve. Logo a seguir ao debate à volta do Orçamento do Estado, o partido vai reunir-se para fixar o perfil dos candidatos em função das câmaras e a estratégia autárquica”, esclareceu.
O partido está apostado em “melhorar a representação” ao nível do poder local, onde não conseguiu conquistar qualquer presidência de câmara ou de junta de freguesia em 2013, ficando “muito aquém das expectativas”, como foi então assumido.
“O partido quer crescer a nível autárquico e vai centrar-se em identificar bem o perfil dos candidatos, também em função das câmaras a que concorre. Por exemplo, no Porto, sabendo-se que o PS apoia a candidatura do atual presidente, isso abre espaço à esquerda”, adiantou ao i fonte dos bloquistas.
Lembrou ainda que o partido conseguiu eleger um vereador em Coimbra (através do apoio a uma lista de cidadãos) e o presidente da Câmara do Funchal, Paulo Cafôfo, através da uma coligação de PS, PND, MPT, PTP e PAN.
Por “resolver” continua o divórcio entre os resultados do BE nas legislativas – 10,19%, 19 deputados eleitos em dez dos 18 círculos eleitorais, em 2015 –, e o desempenho nas autárquicas: 2,42% na votação para as câmaras municipais em 2013.