Poiares Maduro passa agora a maior parte do tempo entre Florença, onde é professor no Instituto Universitário Europeu, e as funções que desempenha na FIFA, onde está desde maio à frente do Comité de Governação. Mas o tempo que passa fora não o afasta da política nacional nem das preocupações que lhe suscitam dois dos dossiês que tutelou enquanto ministro de Passos Coelho: a RTP e os fundos europeus.
O ex-ministro responsável pelo programa Portugal 2020 acha mesmo que a forma como o trabalho do anterior Governo está a ser posto em causa neste dossiê é sintoma da «desonestidade política» do atual Executivo. E suspeita que o motivo pelo qual as verbas tardam em chegar às empresas tenha que ver com dificuldades de tesouraria dos organismos do Estado.
Um ano depois de ter saído do Governo e estando a maior parte do tempo em Florença, como vê Portugal agora?
Infelizmente, com algum pessimismo. Portugal perdeu um ano. Quando o Governo a que eu pertenci terminou, o país estava claramente numa trajetória de recuperação económica e infelizmente no último ano houve uma perda de confiança grande que afetou muito investimento e a credibilidade internacional de Portugal.
Quando houve os acordos à esquerda disse que se tratava apenas de oportunismo político. Continua a achar que esta solução de Governo não tem um projeto?
Este Governo e sobretudo este primeiro-ministro elevaram o oportunismo político a princípio da ação política. É ter o poder como finalidade em si mesmo, não como um meio para a melhoria das condições de vida dos portugueses com sustentabilidade.
Tem havido uma troca de acusações entre PS e PSD sobre o atraso nos fundos comunitários. Já teve a tutela dessa área.
Como explica o que se está a passar?
É um bom exemplo da desonestidade política do atual primeiro-ministro. As pessoas provavelmente recordam-se de que ele disse que não iria haver execução de fundos no nosso último ano de Governo. Quase ninguém reparou no dr. Mário Centeno quando, confrontado com a queda de investimento, veio dizer que isso se devia à circunstância de a execução dos fundos em 2015 ter sido bastante superior à deste ano. Ou seja, veio rebater aquilo que o primeiro-ministro tem vindo a dizer.
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