Editorial b.i: Como explicar Trump às crianças?

São inúmeras, quase infinitas, as análises que se podem fazer à vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas.

Podemos dizer que foi a vitória da classe baixa e iletrada, uma vitória da supremacia branca, que foi uma derrota da comunicação social que na maioria tomou o partido de Hillary Clinton, que representa o reforço de um nacionalismo crescente, que foi um grito de protestos contra um sistema bipartidário e uma candidatura considerada do sistema.

Pode-se dizer tudo isto e muito mais. Podemos, aliás, passar os próximos quatro anos a discutir isto. E não se encontrarão respostas definitivas. Ainda assim, nos últimos dias, foram todas estas teorias que encheram páginas e páginas de jornais e monopolizaram horas e horas de televisão e rádio. E foram também o foco de conversas de café um pouco por todo o mundo – e entre todo o mundo, basta pensar no exemplo da Web Summit que, no dia seguinte à eleição, viu este assunto tomar de assalto quase todos os painéis. Portugal e os portugueses não foram exceção.

No entanto, mais do que discutir todas estas teorias e encontrar uma resposta, gostava de encontrar uma outra resposta? Como se explica esta eleição aos mais novos, às crianças? Num tempo em que se tenta lutar para ensinar e incutir posturas inclusivas, de respeito pela diferença e pelas minorias, que se tenta lutar pela igualdade de género e de oportunidades, como se explica que um homem que quer construir muros, que trata as mulheres como se fossem objetos para o seu bel-prazer, que menospreza minorias – sejam elas religiosas ou sexuais –, que é um bully psicótico, acabe eleito presidente de uma das mais importantes nações do mundo? Não é o meu país, mas é o mundo em que vivo. E no mundo em que vivo esta era uma explicação que gostava de não ter de dar. Até porque não sei o que dizer. Para mim, a falta de respeito, não pode nunca ser alvo de prémio.