O jovem que empurrou um amigo das escadas rolantes do Centro Comercial Alegro em Setúbal há quase dois anos, provocando-lhe a morte, foi finalmente constituído arguido e está indiciado do crime de homicídio por negligência. A acusação está para breve.
Durante vários meses pensou-se que a queda do jovem se tratava de um mero incidente, mas imagens do sistema de videovigilância do Centro Comercial divulgadas pelo semanário SOL em setembro mostravam que a vítima tinha sido empurrada. Nos registos fica claro que no momento da tragédia Bruno, o arguido, empurrou por várias vezes Diogo Montenegro até este ser projetado numa queda fatal de 17 metros.
A família da vítima aguarda agora que a acusação seja célere para iniciarem o luto. Hugo Montenegro, o único irmão da vítima mortal, confessou ao i: “Havendo uma acusação e sabendo que vai a julgamento eu fico satisfeito, significa que afinal a Justiça não anda a dormir. Não sou ninguém para decidir o que vai acontecer. Mas quero que seja averiguado o que se passou. O meu irmão já não o trazem de volta. Se foi brincadeira ou não, tem de ser julgado. Também um condutor que por distração atropela um transeunte não fez de propósito mas tem de ser julgado”.
De acordo com diversas fontes, após a morte do jovem, Bruno escondeu dos amigos mais próximos e da família o que acontecera.
A relação entre os jovens Quando morreu, em dezembro de 2014, Diogo estava a 12 dias de completar a maioridade. Marco de independência, que se aguarda com todas as células do corpo em festa. Resumindo o que dele dizem professores e amigos: era um rapaz alegre, dinâmico e que gostava de arriscar. Bruno, mais novo um ano, não tinha a mesma pujança. Mais calmo, sossegado, e de poucas palavras, dele não se esperavam grandes surpresas.
Cláudia Martins era amiga de ambos, mas mais próxima de Diogo. Prendia-os a primeira paixoneta da adolescência transformada agora em forte cumplicidade. A rapariga, 17 anos, estudante, quebrou o silêncio em setembro em declarações ao SOL. “Eles davam-se muito bem apesar de se conhecerem há pouco tempo”. Mas eram o oposto um do outro: “O Diogo era um brincalhão, sempre bem-disposto e atento aos outros. O Bruno estava sempre na sua, num mundo à parte”.
O momento da queda Naquele dia, ambos tinham combinado ir ao novo centro comercial da cidade. Depois de se encontrarem foram até à zona da restauração, no terceiro piso do centro. O que aí se passou, antes de às 17h23 terem começado a descer as escadas rolantes, ninguém sabe ao certo. A partir daí o único relato fidedigno são as imagens das câmaras de videovigilância do espaço comercial.
Ao contrário do que Bruno terá contado aos amigos, a queda não terá acontecido por desequilíbrio da vítima.
Nas imagens não é difícil perceber que algo se passara entre Diogo e Bruno. Algo que deixara o primeiro apático e o segundo irritado. Diogo, sentado, deslizava mantendo o equilíbrio com as duas mãos assentes no corrimão enquanto Bruno o acompanha numa posição superior, um degrau acima.
O i sabe que apesar de ter estado parada durante vários meses, a investigação está agora quase a terminar, antevendo-se uma acusação para breve.
com Carlos Diogo Santos