A maioria dos hospitais do país não cumpre o despacho que obriga todas as instituições de saúde a terem uma equipa de prevenção e controlo de infeções e resistências a antibióticos. A lei é de 2013 mas, apesar de as unidades terem criado as equipas, do papel à prática vai alguma distância. Dois terços dos hospitais não garantem o mínimo de 40 horas de trabalho médico por semana nestas funções e só um quarto das unidades tem um médico alocado a esta área 28 horas por semana, regra prevista na lei para garantir continuidade no trabalho – do apoio à administração dos antibióticos à promoção de boas práticas de higiene e isolamento de doentes.
Paulo André Fernandes, diretor do Programa de Prevenção e Controlo de Infeção e Resistência aos Antimicrobianos (PPCIRA) da DGS, lamenta o cenário numa altura em que, apesar de haver uma redução das infeções associadas aos cuidados de saúde, continuam a aumentar os casos resistentes a antibióticos. «Sem bombeiros não se apagam fogos», disse ao SOL o responsável.
Os dados resultam de um inquérito que abrangeu 75% dos hospitais públicos e privados. Os resultados preliminares, que revelam ainda que um terço dos hospitais não cumpre os mínimos de enfermeiros nas equipas, foram apresentados esta semana nas jornadas do PPCIRA.
Paulo André Fernandes adiantou ao SOL que o levantamento está também a ser feito nos agrupamentos nos centros de saúde e unidades de cuidados continuados, onde teme um incumprimento ainda maior. «Nuns locais faltam médicos e enfermeiros, noutros existem os profissionais mas não têm o tempo suficiente alocado a estas tarefas», sublinha. A sua instituição, o Centro Hospitalar Barreiro-Montijo, é uma das unidades onde não tem sido possível cumprir o despacho. «Tinha um médico alocado 28 horas mas saiu e não temos conseguido contratar outro».
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