‘Não’ de Santana trama PSD/Lisboa

Sociais-democratas da capital estão preocupados com a ausência de candidato. Juntas de freguesia temem mau resultado e já falam em apoiar Cristas. Coligação com o CDS não é um tema consensual. 

A encruzilhada adensou-se. Pedro Santana Lopes não será candidato à presidência da Câmara Municipal de Lisboa. 
Apesar dos apoios públicos do líder do PSD, Pedro Passos Coelho, do coordenador autárquico, Carlos Carreiras, e do presidente da Concelhia, Mauro Xavier, o Provedor da Santa Casa da Misericórdia optou por não entrar na corrida contra Fernando Medina – o atual autarca, do Partido Socialista – confirmando a primeira página do SOL da semana passada. 
«Santana diz não a Lisboa em dezembro», dizia o SOL, e no primeiro dia de dezembro assim foi.

O ex-primeiro-ministro havia prometido uma resposta a Pedro Passos Coelho até final de 2016, mas antecipou o calendário. Os bons números que Assunção Cristas, a líder do CDS-PP,  apresenta como candidata à capital representam uma considerável fatia do eleitorado de centro-direita e uma vitória do PSD sem coligação seria difícil. O SOL sabe que Assunção Cristas não abdicaria de ser candidata à presidência da Câmara e a Assembleia Municipal ou uma vice-presidência não satisfariam a centrista. 

Recentemente, Hugo Soares, vice do grupo parlamentar do PSD, lembrara que Santana Lopes ganhara Lisboa precisamente contra um líder do CDS e contra um nome da esquerda (João Soares), mas Santana não parece ter sido convencido pelo argumento. 

Ontem, na sua coluna semanal no Correio da Manhã, o Provedor assumira como «praticamente impossível dizer na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa que a trocava pela Câmara Municipal da mesma cidade». Santana alega responsabilidades da «vida pessoal, familiar e profissional» e «a ligação ao trabalho que está a ser desenvolvido na Misericórdia», confirmando também que Mauro Xavier já havia feito o convite em 2013 e que a resposta, como agora, fora negativa. 

Já nessa altura era conhecida a vontade do PSD/Lisboa apresentar um candidato com perfil de primeiro-ministro à Câmara Municipal, numa estratégia assumidamente autónoma. É, aliás, autonomamente que o presidente da Concelhia, Mauro Xavier, tem tomado as suas decisões. Também foi assim com a seleção de José Eduardo Martins – um crítico de Passos Coelho – para a coordenação do programa autárquico deste ano para Lisboa. 

O problema será que Xavier «apostou as fichas todas em Santana e agora não há candidato», salienta um membro do Conselho Nacional do partido. «Neste momento, o presidente da concelhia tem pouca margem para negociar. Nomes como Morais Sarmento ou até José Eduardo Martins não aceitariam ser segunda escolha».

Perante este cenário, e a ausência de nomes fortes fazer temer o resultado eleitoral, as juntas de freguesia começam a olhar para Assunção Cristas como um mal menor ou mesmo uma personalidade independente. 
Sérgio Azevedo, o líder do PSD na Assembleia Municipal, reagiu ao ‘não’ de Santana Lopes, escrevendo que PSD e CDS têm «obrigação de falarem sobre o assunto; sem egos e sem conclusões antecipadas; de espírito aberto a pensar na cidade e nos lisboetas e não em estratégias pessoais ou decisões definitivas» para criarem uma «alternativa mobilizadora e credível». 

Ao SOL, Mauro Xavier lamentou a decisão de Santana, mantendo a sua opinião de não apoiar Cristas. Mas «a decisão final», assumiu em conclusão, «pertence ao presidente do partido».