António Costa insulta jornalistas. Onde estão os sindicatos? De férias em Cuba?

A entrevista que António Costa concedeu à RTP, na passada segunda-feira, deveria gerar escândalo e a indignação dos jornalistas, dos comentadores e de todos os portugueses em geral

1.A entrevista que António Costa concedeu à RTP, na passada segunda-feira, deveria gerar escândalo e a indignação dos jornalistas, dos comentadores e de todos os portugueses em geral. E só não gerou porque vivemos no Portugal geringonçado, no Portugal dominado pela extrema-esquerda e pelo extremo-PS.

Ao ter o PCP e o Bloco de Esquerda no bolso, o PS logrou obter um poder absoluto. António Costa é incontestado e incontestável – as pessoas têm medo de criticar o Primeiro-Ministro. Conhecemos até jornalistas e mesmos advogados que nos dizem que é “preciso ter cuidado com o Costa – é um tipo perigoso”. E aconselham-nos mesmo: “ não te metas com o Costa!”.

2.É uma evidência: António Costa goza de um estatuto privilegiado na nossa sociedade. Nenhum político consegue fazer o que lhe aprouver, criticar jornalistas, ameaçar jornalistas, escolher as perguntas que lhe são colocadas, acusar qualquer voz modestamente crítica de “servir os interesses da oposição” – sem sofrer qualquer consequência, nem sequer um reparozinho.

Os nossos comentadores – sempre tão moralistas! – limitam-se a repetir, à exaustão, elogios já gastos ao nosso Primeiro-Ministro. Para a elite portuguesa – desde a extrema-esquerda até á direita cobardolas -, António Costa é Deus na Terra. É o novo Messias.

3.Desafiamos aqui o nosso caríssimo leitor a rever a entrevista de Costa à RTP. O socialista, em vez de responder às questões que lhe foram formuladas, praticamente escolhia aquelas que mereciam a sua resposta e passava aquelas que lhe eram inconvenientes. Mais grave: António Costa sentia-se no direito de repreender os jornalistas por lhe colocarem questões difíceis. Vejam só o descaramento: António Costa vai à RTP ser entrevistado por dois jornalistas…e fazem-lhe perguntas de que não gosta! Que descaramento!

4.Às tantas, António Costa vira-se para António José Teixeira e André Macedo e questiona, com o ar mais natural do mundo, após ser confrontado com a promiscuidade entre ligações públicas e ligações privadas que fomenta no seu Governo, corporizadas, desde logo, com a ligação ao seu amigo Lacerda Machado: “ Mas porquê? Tem algum problema com isso? Isso incomoda-o?”. 

E os dois jornalistas quase que pediram desculpa pela pergunta que formularam: pergunta, essa, normal, adequada e justificada pelo interesse público! Ou António Costa está subtraído à lei? Ou António Costa pode levar, à vontadinha, os amigos que foram ao seu casamento para o Governo, sem qualquer escrutínio público? 

5.Na recta final da entrevista, António Costa voltou à carga: “não, desculpe, isso foi o que os jornais inventaram. Parece que os jornalistas estão com a oposição…Oh André Macedo, desculpe, o André quer vir para aqui? Quer vir para esta cadeira?”. Perguntamos: isto é normal? Um político falar assim com os jornalistas? 

Imagine que Passos Coelho interpelava desta forma um jornalista – o que seria? Quais seriam as reacções? O que diria o nosso Jerónimo de Sousa, agora convertido aos prazeres burgueses do poder? 

A verdade é que António Costa é useiro e vezeiro neste tipo de comportamentos. Na pré-campanha eleitoral, António Costa acusou o jornalista Vítor Gonçalves de “ ser o porta-voz de Pedro Passos Coelho”. Isto porque o jornalista da RTP colocou-lhe uma questão muito simples sobre as incongruências do programa eleitoral do PS – as quais, aliás, a realidade encarregou-se de confirmar! 
Na altura, António Costa lançou uma fatwa a Vítor Gonçalves! “Como é possível haver um português não rendido à minha habilidade estupenda e incomparável?” – terá pensado o líder do extremo PS. 

6.Ora, nessa altura, estranhámos que os sindicatos dos jornalistas –sempre tão ciosos na defesa da  independência dos jornalistas, e bem – tivessem optado pelo silêncio, em vez de tomarem uma posição firme contra a atitude ameaçadora de António Costa. 

Para nós, tratou-se de uma situação bizarra a conivência do sindicato dos jornalistas e dos funcionários da RTP com a coacção a um jornalista da RTP exercida pelo líder dos socialistas. 

7.Após os resultados eleitorais e a formação da “geringonça”, percebemos, finalmente, o filme: por essa altura, já existia um pacto de não-agressão entre PCP e PS. Agora, estamos a assistir ao “remake” dessa (triste) saga: António Costa, sabendo que comunistas e bloquistas lhe perdoam tudo, sente-se impune. 
Impune para contratar informalmente amigos. Impune para criticar, em directo, e ameaçar jornalistas. Como já escrevemos, neste Portugal geringonçado, “dura Costex, sed lex” – a vontade de António Costa é lei. 
De facto, Portugal já não é um Estado de Direito democrático – é um “Estado de Direito Costrático”. António Costa é o novo “Dono Disto Tudo” – não há limites para o seu poder. E, para estes filmes, conta com a bênção de Marcelo Rebelo de Sousa. 

8.Mais uma vez, dois jornalistas da RTP foram insultados e denegridos no seu profissionalismo, em directo, por António Costa. E os sindicatos? Indignaram-se? Não. Nem uma palavrinha. Tudo caladinho. Talvez tenham ido já de férias de Natal…Já agora, em Cuba, a chorar a morte do seu ídolo, Fidel Castro, esse ícone das democracias populares. 

9.Nós por cá, cada vez mais estamos convencidos de que Portugal é mais parecido com Cuba do que parece. 
O PCP e os seus sindicatos encontraram o seu “comandante” – António Costa. Só que não podem gritar “Hasta la vitoria, siempre!” – é que há muito tempo que Costa não ganha eleições…Vitórias não é com Costa…

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