A operação de retirada das famílias e dos opositores ao regime de Bashar al-Assad que ainda se encontram nos enclaves da zona oriental de Alepo começou finalmente, mais de 24 horas depois do que foi acordado por Rússia e Turquia, na terça-feira. A confirmação do início da evacuação foi feita pela Cruz Vermelha, responsável pela missão, que dará prioridade aos feridos.
“A operação de evacuação de cerca de 200 feridos – alguns em estado crítico – do leste de Alepo está em curso. Estamos no terreno com o Crescente Vermelho Sírio”, anunciou a delegação do Comité Internacional da Cruz Vermelha na Síria, através de uma mensagem partilhada no Twitter, por volta das 12.30h (10.30h em Portugal). Uma informação que foi igualmente confirmada por um porta-voz daquela organização ao britânico “The Guardian”.
A evacuação deveria ter começado na madrugada de quarta-feira, mas em vez dos autocarros e das ambulâncias, foram as bombas que compareceram nos bairros orientais da segunda maior cidade da Síria – palco de uma das mais violentas guerras deste século, nos últimos quatro anos, envolvendo o exército de Assad e os opositores do regime – devido a divergências entre as forças em confronto, sobre o acordo alcançado por Ancara e Moscovo.
#BREAKING: Operation to evacuate around 200 wounded, some critically, from east #Aleppo underway. We’re on the ground with @SYRedCrescent.
— ICRC Syria (@ICRC_sy) December 15, 2016
Aos dois gigantes juntou-se o Irão e foi finalmente logrado um novo compromisso, que estabeleceu a entrada em vigor de um cessar-fogo por volta das 2 horas da manhã desta quinta-feira. Citado pela RT, o chefe de gabinete de Vladimir Putin, Valery Gerasimov, esclareceu que foi estabelecido um “corredor humanitário de 21 quilómetros” para permitir a retirada de “5 mil rebeldes sírios e seus familiares”, por parte das equipas de socorro. De acordo com aquela televisão russa, o Centro de Reconciliação Russo também acompanha a Cruz Vermelha, no processo de evacuação.
A primeira coluna de ambulâncias prevê, então, o transporte das cerca de duas centenas de feridos graves. Jan Egeland, conselheiro das Nações Unidas para a Síria, confirmou que a prioridade será dada a estas aquelas pessoas, sendo que número total de civis e rebeldes que se calcula ainda se encontrarem por entre os escombros da zona leste de Alepo se situe perto dos 50 mil. “Milhares de pessoas necessitam de evacuação, mas a primeira e mais urgente situação [é a retirada dos] feridos, dos doentes e das crianças, incluindo os órfãos”, disse citado pelo “Guardian”.
Tanto as organizações humanitárias como as próprias forças de combates estão conscientes da fragilidade do acordo de cessar-fogo, pelo que a pausa nos bombardeamentos corre o risco de ser quebrada ao mínimo sinal de ameaça, de parte a parte. Um representante dos “Capacetes Brancos” – uma equipa de socorro síria que está no terreno – contou à Al-Jazeera que um grupo de milícias pró-Assad atacou uma ambulância, tendo morto uma pessoa e ferido outras quatro. Para já, a pausa mantém-se.