A corrida às urgências nos hospitais portugueses disparou esta semana. O Ministério da Saúde confirmou ao SOL um aumento da procura na casa dos 20% em relação aos dois últimos anos, motivada por mais casos de infeções respiratórias e pelo frio, que faz descompensar algumas doenças crónicas. O pico registou-se na segunda-feira, dia 26, com 22 mil pessoas nas urgências dos hospitais públicos. Só Santa Maria recebeu 854 doentes, a maior afluência dos últimos dez anos.
Este fim de semana vão estar abertos 30 centros de saúde na região de Lisboa e Vale do Tejo, na tentativa de descongestionar as urgências da área metropolitana. No centro da capital estarão abertos, no sábado e no domingo, os centros de saúde de Sete Rios e da Lapa. Na zona de Loures e Odivelas, para retirar doentes do Hospital Beatriz Ângelo, estarão em funcionamento, também no sábado e no domingo, os Centro de Atendimento e Tratamentos Urgentes (CATUS) de Póvoa de Santo Adrião e Moscavide. Há mais centros de saúde abertos, alguns apenas no sábado. Em caso de dúvida, a tutela recomenda o contacto com a Linha de Saúde 24. Também no Norte do país foram alargados os horários de atendimento nos cuidados primários. Os Serviços de Atendimento de Situações Agudas (SASU) de Porto, Braga, Guimarães, Gaia, Maia/Valongo/Ermesinde, Espinho, Vila Real, que funcionam fora dos hospitais, vão estar abertos das 9h às 24h.
Horas de espera
Apesar da estratégia de alargamento de horários nos cuidados primários, nos momentos de maior procura os hospitais estão longe de conseguir cumprir os tempos de atendimento recomendados nas urgências, mesmo tratando-se de doentes urgentes.
Este ano, pela primeira vez, é possível fazer a monitorização tempo real do tempo de espera nos serviços. Ontem o dia esteve mais calmo nos hospitais, mas na quinta-feira chegou a haver quatro horas de espera para doentes urgentes em Setúbal e no Barreiro e mais de três horas em Braga e Faro, quando é suposto os doentes com pulseira amarela serem vistos no espaço máximo de 60 minutos. Também doentes com pulseira laranja, que devem ser atendidos em dez minutos, tiveram de esperar mais de uma hora em alguns hospitais.
O último balanço do Instituto Ricardo Jorge sobre a evolução do surto de gripe sazonal revelou que a situação ainda se encontra numa fase moderada. Porém, já está a ser observada mortalidade acima do esperado. O diretor-geral do Saúde, Francisco George, indicou ao SOL que o padrão de casos parece estar a repetir o da época de 2014/2015, quando gripe e frio foram associados a mais 5.500 mortes do que é expectável nesta altura do ano, o segundo pior registo na história do país. O surto mais mortal aconteceu em 1998/1999, quando as autoridades de saúde registaram um excesso de 8514 mortes.