Trump descredibiliza capacidade nuclear da Coreia do Norte

Presidente eleito dos EUA recorreu ao Twitter para responder a Kim Jong-un e ainda criticou o posicionamento da China em relação a Pyongyang

Donald Trump voltou a utilizar o Twitter para fazer diplomacia. Através de duas mensagens publicadas, na segunda-feira à noite (terça-feira em Portugal), naquela rede social, o próximo presidente dos Estados Unidos rejeitou a possibilidade de um ataque nuclear vindo da Coreia do Norte e acusou a China de “não estar a ajudar” a controlar os desejos bélicos de Kim Jong-un.

Os tweets de Trump surgiram em resposta à mensagem televisiva de Ano Novo do ditador norte-coreano, na qual garantiu que Pyongyang tem praticamente tudo a postos para testar o seu mais recente míssil balístico intercontinental (ICBM). Citado pelo “The Guardian”, Kim Jong-un congratulou-se pelo facto de a Coreia do Norte estar em condições de “não poder ser tocada pelo mais forte inimigo” e exigiu que os EUA “desistam da política hostil” que têm em relação àquele país asiático.

“A Coreia do Norte acabou de comunicar que está na fase final do desenvolvimento de uma arma nuclear capaz de alcançar partes dos EUA. Não vai acontecer!”, foi a resposta do presidente eleito dos norte-americanos no Twitter. 
Fica por esclarecer se Trump pretendeu, através da mensagem, duvidar da capacidade nuclear do regime de Kim Jong-un ou se, por outro lado, quis passar a ideia de que os EUA estão preparados para um ataque vindo de Pyongyang.

 

North Korea just stated that it is in the final stages of developing a nuclear weapon capable of reaching parts of the U.S. It won't happen!

— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) January 2, 2017

 

 

Num outro tweet, repleto de ironia, Donald Trump chamou Pequim ao barulho e acusou-a de falta de cooperação no controlo das ameaças de Kim. “A China tem recebido dos EUA enormes quantidades de dinheiro e riqueza, em trocas comerciais de um só sentido, mas não ajuda com a Coreia do Norte. Boa!”, escreveu o magnata.

A futura relação EUA-China é uma das grandes incógnitas da futura administração Trump. O próximo chefe de Estado norte-americano – toma posse a 20 de janeiro – tem colecionado afrontas a Pequim, nomeadamente quando deu a entender que a aceitação da política “uma só China” – o posicionamento concebido pelo Partido Comunista Chinês e acolhido pela administração Carter, em 1979, que entende Taiwan como parte integrante do território da China – pode ser moeda de troca para um novo acordo comercial.

A Coreia do Norte tem no gigante chinês o seu maior (e praticamente único) aliado, pelo que seguramente sofrerá na pele uma eventual política hostil de Trump em relação à China.