Um tribunal militar israelita decidiu-se pela condenação do soldado Elor Azaria, acusado de matar Abdul Fatah al-Sharif, um palestiniano, que jazia ferido, no chão, após um ataque a um grupo de militares de Israel. O condenado defendeu-se, dizendo que suspeitava que o palestiniano tinha um cinto de bombas e que, por essa razão, disparou a sua arma, mas os juízes concluíram que o ferido não representava uma “ameaça imediata”.
Tudo aconteceu no dia 24 de março, quando dois palestinianos – Sharif e Ramzi Aziz al-Qasrawi – armados com facas, atacaram um grupo de soldados israelitas, em Hebron, na Cisjordânia, e feriram um deles. Os militares responderam com rapidez e dispararam sobre os agressores, matando Qasrawi e ferindo Sharif, que ficou imobilizado no solo. O caso chegou ao debate público após a divulgação de um vídeo, levada a cabo por um grupo de ativistas israelitas, onde se podia ver Azaria a abater o ferido, à distância, com um tiro na cabeça, numa altura em que as equipas de emergência médica já se encontravam no local.
A divulgação das imagens provocou enorme polémica e originou diversos protestos nas ruas de Israel e da Palestina, inclusivamente na quarta-feira, o dia em que foi conhecida a decisão judicial. Numa manifestação em Telavive, foi exigida a libertação do soldado, descrito pelos milhares de protestantes como um autêntico herói.
À indignação que foi crescendo nos últimos meses, na Palestina, juntaram-se vários militares de topo do exército israelita, que acusaram Azaria de ter violado o código militar e garantiram que a sua atitude não refletia os valores das forças armadas de Israel.
Um argumento que é rejeitado pela “Human Rights Watch” que, na passada segunda-feira, tinha acusado vários oficiais do exército de Israel de incentivarem soldados e polícias a “disparar a matar” contra palestinianos suspeitos de poderem vir a atacar israelitas, mesmo que não apresentem uma ameaça iminente. “Independentemente das decisões dos julgamentos a soldados individuais, o governo israelita tem de emitir diretivas claras sobre o uso da força apenas quando em acordo com o direito internacional”, refere Said Bashi, diretor daquela organização, em Israel.
De acordo com a BBC, a acusação refere que a decisão do de Azaria não teve, contudo, qualquer “justificação operacional, uma vez que o terrorista estava deitado no chão, ferido, e não representava uma ameaça imediata” para os presentes. Para além disso, os juízes valeram-se do testemunho de outro militar israelita que estava no local, e que refere que Azaria proferiu a seguinte frase, antes de disparar: “Eles esfaquearam o meu amigo e tentaram matá-lo – ele merece morrer”.
A condenação por homicídio em Israel pode ir até 20 anos de prisão, mas apenas será conhecida dentro de algumas semanas.