Depois do anúncio do regresso de Teresa Villaverde ao Festival de Cinema de Berlim, 25 anos depois de “A Idade Maior”, com “Colo”, que sucede às “Cartas da Guerra” de Ivo M. Ferreira no concurso oficial do certame alemão, a notícia da presença de mais quatro filmes portugueses na competição oficial Berlinale Shorts, que deu no ano passado o Urso de Ouro a Leonor Teles, com “Balada de Um Batráquio”. “Coup de Grâce”, de Salomé Lamas, “Altas Cidades de Ossadas”, de João Salaviza, “Cidade Pequena”, de Diogo Costa Amarante, e “Os Humores Artificiais”, de Gabriel Abrantes.
Presença de peso destacada pelo próprio festival no comunicado à imprensa em que ontem anunciou a lista dos 23 filmes oriundos de 19 países na competição que tem como júri na 67.ª edição do festival, que decorre entre 9 e 19 de fevereiro em Berlim, Christian Jankowski, artista e docente da Academia de Arte e Design de Estugarda. “A extraordinária diversidade do cinema português é representada por não menos do que quatro produções na Berlinale Shorts, incluindo entre outros o mais recente trabalho da realizadora Salomé Lamas, ‘Coup de Grâce’, em que um pai e uma filha exploram um espaço marcado pela ausência”, lê-se na apresentação dos filmes selecionados, que recorda ainda o Urso de Ouro que João Salaviza recebeu em 2012 com “Rafa”, com o discurso que o realizador fez nesse ano sobre a nuvem de incerteza que pairava sobre o cinema português.
“Altas Cidades de Ossadas”, o mais recente trabalho do realizador de “Rafa” (2012) e “Montanha” (2015), que terá em Berlim a sua estreia mundial, conta a história de Karlon, pioneiro do rap crioulo nascido na Pedreira dos Húngaros, em tempos o maior bairro de lata de Lisboa, que foge do bairro onde é realojado. Também em estreia mundial estará a curta de Salomé Lamas, que já no ano passado tinha levado à secção Forum do festival alemão “Eldorado XXI”, vencedor do Grande Prémio da terceira edição do Porto/Post/Doc, que decorreu em dezembro passado no Porto, e em 2013 “Terra de Ninguém”, na mesma secção.
Repetente na Berlinale Shorts é Gabriel Abrantes, presença já assídua na secção e que no ano passado competia com Leonor Teles com “Freud und Friends”. Este ano leva a Berlim “Os Humores Artificiais”, encomenda da Bienal de São Paulo que foi rodar ao Brasil e um dos filmes destacados pelo festival na apresentação das 23 curtas em competição. Para completar a lista da presença portuguesa na 67.ª edição da Berlinale, que vai já em cinco filmes ao todo – quatro curtas a somar à sétima longa metragem de Teresa Villaverde – ainda “Cidade pequena”, de Diogo Costa Amarante, estreada este ano nas Curtas de Vila do Conde e que acompanha Frederico, um menino que aprende na escola que os humanos têm cabeça, tronco e membros e um coração. E que, se ele pára, morremos.