A eurodeputada Ana Gomes defende que o caso do armazém de resíduos de Almaraz devia ser liderado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, lembrando que, nos anos 1980, só uma “campanha diplomática pesada” travou a construção da central nuclear de Sayago, que estava então prevista para as margens do rio Douro.
“Na altura percebi que o acordo de proteção bilateral que existia entre Portugal e Espanha não valia o papel onde estava escrito”, disse ao i Ana Gomes. “Muita coisa acontecia e os espanhóis nunca nos deram cavaco.”
Em março de 2016, Ana Gomes e Marisa Matias questionaram a Comissão Europeia sobre os relatos de peritos espanhóis acerca das debilidades da central de Almaraz e se Bruxelas garantia que Espanha partilhava toda a informação relevante com Portugal.
Na altura, a Comissão Europeia informou que o Conselho Nacional de Segurança Espanhol indicara que Portugal era mantido informado.
As eurodeputadas insistiram em maio, dado que a imprensa continuou a publicar relatos de problemas na central. Ana Gomes diz que o episódio do armazém vem confirmar a falta de diálogo. Questionado sobre as suspeitas suscitadas em 2016 pelas eurodeputadas, o gabinete de Matos Fernandes respondeu: “Este é um caso concreto”.