Um estranho coro tentou em vão extrair do ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, a declaração de que o governo português quer ver encerrada a central nuclear de Almaraz. “Afinal, há sete partidos ambientalistas em Portugal”, ironizou o deputado do PAN, André Silva, depois de ouvir os colegas de todos os outros grupos parlamentares durante a audição de Matos Fernandes.
O governante nunca foi explícito na condenação ao prolongamento da atividade uma central nuclear que em 2020 terá 40 anos, lembrando sempre que Espanha é soberana na definição da sua política energética e que o governo espanhol continua a assegurar não ter uma decisão fechada sobre a manutenção de Almaraz.
Aquilo por que Matos Fernandes garantiu estar a bater-se é para que Espanha seja obrigada a apresentar estudos de impacto ambiental sobre a construção – já decidida – de um armazém para resíduos tóxicos. Apesar das críticas de todos os partidos, que esperavam do governo uma atitude mais firme nesta matéria, o ministro do Ambiente assegurou que nem a construção do aterro é uma questão menor nem a exigência dos estudos – feita na queixa apresentada a Bruxelas – é uma questão meramente administrativa.
De resto, João Matos Fernandes anunciou que ainda esta segunda-feira enviou nova carta ao governo espanhol, pedindo para ser informado acerca do processo de decisão de prolongamento da atividade da central de Almaraz.
Depois de o ministro ter admitido que foi apanhado de surpresa pela decisão espanhola de construir um aterro em Almaraz, reconhecendo ter ficado em causa a “confiança” entre os dois Estados, Heloísa Apolónia acha que não basta aceitar a palavra dos espanhóis e ficar à espera de uma decisão de Bruxelas que vai demorar três meses e que não será vinculativa.
“É preciso uma diplomacia muito mais eficaz”, defendeu a deputada do PEV, que considerou que será “uma afronta” se uma pedra que seja for colocada na construção do aterro. “O governo tem de entrar em peso nesta matéria”, pediu Heloísa Apolónia, pedindo a intervenção de António Costa e Augusto Santos Silva.