Fernando Ulrich está otimista em relação ao futuro do BPI ao garantir que «com o CaixaBank mais comprometido com o banco, o futuro vai ser melhor», revelou esta semana durante a apresentação de resultados ao apresentar lucros de 313,2 milhões de euros, mais 32,5% do que em 2015. Mas apesar do discurso positivo, o banqueiro quis deixar em segredo a sua continuidade ou não à frente da instituição financeira. «Não me compete a mim estar a falar sobre o futuro», revelou.
A Oferta Pública de Aquisição (OPA) do banco catalão – que oferece 1,134 euros por cada ação do BPI, com o objetivo de ficar com a totalidade do capital social – estará concluída a 8 de fevereiro, mas a liderança do BPI só será decidida na assembleia-geral, agendada para dia 26 de abril. o CaixaBank já tinha afirmado que pretendia «continuar a apoiar a equipa de gestão do Banco BPI». Mas não afastou mudanças na administração. No entanto, esta estrutura poderá vir a ser alterada, nomeadamente para receber mais representantes do grupo catalão.
O presidente do BPI afirmou ainda que «não vislumbrou críticas à gestão» do banco no prospeto da OPA do CaixaBank e disse que subscrevia não só as estimativas de redução de pessoal – em que está prevista a saída de 900 trabalhadores – assim como a avaliação que é feita à baixa rentabilidade do banco em 2015 por parte do grupo catalão.
O banqueiro recordou que, face a 2008, ano em que o banco atingiu o pico de funcionários, o BPI já reduziu 2.300 pessoas e recordou que só o ano passado saíram quase 400 em Portugal.
BFA impulsiona resultados
No último ano como maior acionista do BFA, o BPI foi buscar a Angola 52% dos lucros – 163 milhões de euros –, menos do que em 2015. Ainda assim. este foi o maior contributo de sempre do BFA. «É uma história superiormente rentável», frisou Ulrich. E dá exemplos: um investimento de três milhões de euros gerou um retorno de mais de 900 milhões.
Para cumprir as exigências do Banco Central Europeu (BCE), que obriga a reduzir a exposição ao mercado angolano, o BPI vendeu já este mês 2% da sua participação no BFA à operadora Unitel, deixando de controlar aquela instituição, ficando com 48,1%, enquanto a Unitel tem 51,9% do capital.
No entanto, no prospeto da OPA, divulgado a 15 de janeiro pelo Caixabank é revelado que o BCE fez uma «recomendação não vinculativa» para que o Caixabank «reduza gradualmente a participação do BPI no BFA num período de tempo razoável».
Desta forma, o banco catalão diz que «deverá ter preparado um plano de desinvestimento no BFA», que poderá ser total ou parcial.
Caso aconteça essa saída do BFA, o espanhol CaixaBank garante que irá sempre «respeitar o acordo parassocial que vincula o BPI em relação ao BFA e cumprir com a legislação bancária local».
Os resultados de 2016 têm já em conta a venda à Unitel de uma participação de 2% do capital social do BFA, sendo que a operação angolana foi classificado como operação descontinuada. Isto significa que o impacto do negócio só será contabilizado nas contas do primeiro trimestre deste ano.