Novo Banco. Filho da presidente do Santander à frente da Lone Star

Imprensa espanhola já lembrou que o Santander tem crescido, em parte, à custa da reestruturação financeira portuguesa

O governo deverá decidir nas próximas semanas quem será o vencedor da corrida à compra do Novo Banco. O fundo norte-americano Lone Star, cujo presidente ibérico é Felipe Morenés Botín – filho mais velho de Ana Botín, presidente do Santander –, parece ser o que está em melhores condições para sair vencedor, tanto que durante as negociações que tem tido com as várias entidades já reviu as condições financeiras e terá abdicado das garantias do Estado.

O certo é que a ligação de Felipe Morenés Botín à presidente do Santander já mereceu destaque na imprensa espanhola, lembrando-se que a instituição financeira liderada pela mãe tem sido uma das vencedoras da reestruturação financeira portuguesa e que a aquisição feita, no final de 2015, do Banif já começa a dar frutos.

Aliás, o grupo espanhol apresentou na semana passada os seus resultados referentes a 2016, em que registou lucros de mais de 6 mil milhões de euros, dos quais 395,5 milhões de euros em Portugal. O diretor-delegado do grupo, José Antonio Álvarez, já veio elogiar a “excelente integração” do Banif no Santander Totta e o aumento dos lucros que o banco registou em Portugal, numa altura em que os seus principais concorrentes “têm problemas significativos”.

O banco espanhol considerou que a integração do Banif permitiu ter uma carteira de empréstimos “mais equilibrada”, conseguindo-se ganhar quota de mercado na área das empresas.

Preferência

A Lone Star voltou a ser preferido ao deixar cair as garantias do Estado e, com isso, poderá querer só para si os proveitos futuros da recuperação de créditos considerados de cobrança muito difícil. Inicialmente, o fundo norte-americano pedia aval público com a finalidade de cobrir o risco associado a alguns ativos do Novo Banco, embora se propusesse dividir com o Fundo de Resolução as receitas que pudesse vir a obter no futuro com este património.

Essa garantia foi dada por Marques Mendes no seu comentário semanal. “Notícias vindas a público dizem que já admitem alguns parceiros nacionais e, ao que se diz, estarão disponíveis para, nos próximos dias ou semanas, deixar cair a garantia do Estado”, adiantou. Se tal acontecer, no entender de Marques Mendes, isso “é mesmo uma vitória do governo”.

Também a liderança do Novo Banco deverá permanecer intacta, uma vez que, caso consiga concretizar a compra, a Lone Star pretende manter António Ramalho como presidente da comissão executiva.

Ainda na corrida está o consórcio Apollo/Centerbridge, já que pelo caminho ficaram os chineses do Misheng, por alegadamente não terem conseguido apresentar garantias financeiras que sustentassem a sua proposta de compra.

Também esta semana, a Aethel Partners, sociedade britânica que comprou o Banco Efisa e liderada pelo gestor português Ricardo Santos Silva, mostrou interesse em entrar na corrida, mas o Banco de Portugal já respondeu que esta só poderá participar no processo se se aliar a um dos fundos norte-americanos que estão a negociar a compra da instituição.