Cavaco sobre Sócrates. “O fingimento era uma das suas características”

Cavaco Silva lança hoje livro sobre os dez anos que passou em Belém 

Cavaco Silva lança hoje o livro “Quinta-feira e outros dias” sobre os tempos em que foi Presidente da República. O lançamento é feito no Centro Cultural de Belém e está a suscitar curiosidade devido às revelações feitas pelo ex-chefe de Estado sobre José Sócrates.

Cavaco não poupa o ex-primeiro-ministro nas suas memórias e revela que, a partir de certa altura, deixou e ser possível confiar em Sócrates. “O fingimento era uma das suas características”, escreve o ex-presidente da República, garantindo que o socialista “era parco a cumprir o que dizia”.

Cavaco dá destaque às reuniões, às quintas-feiras, com o primeiro-ministro e conta que Sócrates utilizava a técnica de abrir o encontro com “boas notícias”, mas, muitas vezes, “as palavras não se conformavam à realidade dos factos” e passou a olhar com desconfiança para os resultados apresentados pelo chefe do governo.

O ex-presidente da República revela ainda que, ao contrário de Passos Coelho, Sócrates estava longe de ser pontual e chegou várias vezes atrasado a Belém para as reuniões semanais. “Uma vez abusou do atraso sem ter avisado previamente a presidência da República e pedi que o informassem que já não o receberia”.

Cavaco atribui a crise em que o país mergulhou e que levou à intervenção da troika aos “erros” do governo socialista e elogia o ex-ministro Teixeira dos Santos por ter, contra a vontade de Sócrates, precipitado o pedido e ajuda externa. “Uma atitude patriótica e corajosa”.

Os elogios do ex-presidente vão também para Passos Coelho, que apresentava, nos encontro com Belém, uma “preocupação de rigor e de verdade” e, ao contrário de Sócrates, “nunca alterava o tom de voz”.