As forças iraquianas concluíram com sucesso o primeiro grande objetivo militar enquadrado na ofensiva, iniciada no domingo, destinada à libertação da área ocidental de Mossul. De acordo com as declarações de um porta-voz do exército à televisão estatal do Iraque, as unidades de contraterrorismo e as tropas especiais do ministério do Interior lograram expulsar os combatentes do grupo terrorista Estado Islâmico, na manhã desta quinta-feira, do aeroporto da cidade e da base militar de al-Ghazlani, dois importantes locais, que servirão de pontos estratégicos para o assalto final à zona histórica da segunda maior cidade iraquiana.
Mossul caiu para as mãos do Daesh em junho de 2014 e a operação militar de reconquista, liderada pelo exército iraquiano, apoiada por combatentes peshmerga curdos, milícias xiitas, tribos árabes sunitas, e amparada pela colaboração aérea e logística norte-americana, teve início em outubro do ano passado. O primeiro mês testemunhou um avanço relâmpago pelos arredores da cidade – composto maioritariamente por aldeias deixadas ao abandono – mas a aproximação da forças invasoras ao centro de Mossul resultou num prolongado jogo de paciência. No início de 2017, no entanto, o exército iraquiano conseguiu voltar a tomar alguns territórios ao Estado Islâmico e em meados de janeiro conquistou a totalidade dos bairros situados na margem oriental do rio Tigre, que divide a cidade em dois.
Destruídas as pontes que ligavam as margens do rio, as tropas identificaram a região sul de Mossul como a mais propícia para a reconquista dos bairros ocidentais e definiram o aeroporto e a base militar como primeiros alvos. O retomar do seu controlo, esta quinta-feira, após uma operação que durou cerca de quatro horas, permite-lhes encarar a investida final com mais otimismo. “É um dos principais objetivos que as forças iraquianas esperavam poder cumprir, na primeira fase do avanço rumo ao lado oeste da cidade. Esta é uma área que se encontra a cerca de 30 quilómetros do limite ocidental de Mossul e (…) está agora sobre total controlo [do exército]”, conta um repórter da Al-Jazeera, a partir de Erbil.
Com o primeiro objetivo cumprido, as tropas iraquianas terão agora se reorganizar para preparar a entrada em território inimigo. Segundo um correspondente da BBC, que está a acompanhar a ofensiva junto do exército governamental, os obstáculos são imensos. Os cerca de 5 mil terroristas que compõem a oposição aos invasores, colocaram carros armadilhados em locais estratégicos do aeroporto e destruíram grande parte da pista de aviação, de modo a impedir a aterragem e descolagem de aviões, pelo que os trabalhos de desimpedimento e recuperação daquela, deverão ocupar grande parte do tempo dos invasores. Para além disso, a zona da cidade controlada pelo Estado Islâmico tem ruas estreitas e labirínticas, que prometem dificultar o avanço dos tanques e das equipas que seguem a pé.
A organização humanitária “Save the Children” calcula que se encontrem em Mossul perto 650 mil civis, incluindo 350 mil crianças e a ONU revela que, entre meados de outubro de 2016 e o final de janeiro de 2017, mais de mil pessoas perderam ali a vida, sendo que metade desse número reporta-se a civis. Outras 700 ficaram feridas, vítimas da batalha de reconquista.
No mesmo dia em que o Estado Islâmico perdeu o controlo do aeroporto de Mossul, tropas turcas reconquistaram outro importante bastião do grupo terrorista. Trata-se da cidade de Al-Bab, no norte da vizinha síria.