Novo sistema planetário já tem site oficial (e posters)

Para perceber a história e acompanhar os desenvolvimentos futuro

Momentos depois do anúncio da descoberta do sistema planetário “Trappist-1”, a 39 anos-luz da Terra, já havia um site oficial com todas as explicações e até bónus como posters que ilustram graficamente a descoberta. Um deles, com um aspeto futurista, considera este sistema – com sete planetas parecidos com a terra – é o “melhor destino” numa zona habitável.

O site está no endereço www.trappist.one. Nesta página, a equipa anuncia que pretende usar o satélite K2 (Kepler) e o telescópio espacial Spitzer, da NASA, para fazer mais medições. O objetivo é confirmar se existe mesmo água e até se há mais planetas neste sistema planetário. A médio prazo, a equipa espera usar o telescópio espacial Hubble para detetar as atmosferas dos planetas e fazer depois mais investigações com o apoio do telescópio espacial James Webb para as caracterizar.

Ainda nas reações ao anúncio de ontem, Douglas Vakoch, presidente do METI International – organização científica que se dedica à busca de sinais de vida inteligente – disse ao i que este é "um momento de viragem na busca de planetas fora do sistema solar que possam albergar vida".  

Vakoch sublinha que os planetas no sistema TRAPPIST-1, uma anã vermelha nas nossas redondezas galácticas, podem ajudar a rescrever a história da formação planetária. “Durante décadas as estrelas de classe M (o tipo de estrelas mais abundantes no universo onde se incluem as anãs vermelhas) eram vistas como sendo incompatíveis com o suporte de sistemas planetários nos quais a vida poderia surgir. A vida nestes locais enfrentaria desafios consideráveis”, sublinha o investigador. “As anãs vermelhas são conhecidas pelas suas erupções ‘solares’ severas que tanto podem libertar níveis de radiação capazes de erradicar de vida como causar as mutações necessárias para criar uma diversidade de vida como a que conhecemos no planeta Terra”.

Mas estes não são os únicos desafios. “Como estes planetas têm uma órbita tão próxima da estrela TRAPPIST-1, pensa-se que estão sujeitos ao fenómeno da rotação sincronizada (quando o período da órbita do objeto em torno da sua estrela é igual ao seu período de rotação, o que faz com que esteja sempre o mesmo hemisfério virado para a estrela)”, acrescenta o investigador. No fundo, é o que acontece entre a Terra e a Lua – vemos sempre a mesma face deste nosso satélite natural. “Durante muitos anos, os investigadores assumiram que planetas nestas circunstâncias teriam condições inóspitas para a vida. Mas recentemente, modelos sobre a transferência de calor oceânica e a atmosférica deixam um cenário mais otimista. No passado, assumíamos que um planeta nestas circunstâncias teria o lado que está sempre virado para a sua estrela sempre chamuscado, enquanto o lado oposto teria grelado. Hoje temos motivos para acreditar que o calor pode ser transferido, até permitindo que exista água em estado líquido nestes planetas.”

Vakoch explica que existem fenómenos de transferência de calor diariamente no nosso planeta e dá um exemplo próximo de si. “Quando o sol se põe à noite na Ponte Golden Gate, não fico preocupado que a baía de São Francisco congele.”

Se, por agora, as condições reais dos planetas do sistema “TRAPPIST-1” são uma incógnita, certo é que o anúncio da descoberta já teve impacto. Os radiotelescópios que se dedicam aos projetos de SETI (acrónimo de busca de vida inteligente extraterrestre) passaram a ter estes sete planetas no topo das suas prioridades de investigação. Se algum sinal de atividade tecnológica for apanhado, será escrutinado pela comunidade científica, que terá de descartar todas as hipóteses de resultar de uma fenómeno natural ou interferência de satélites humanos antes de pensar em dar a notícia ao mundo e estabelecer contacto.