Alguém virou o tabuleiro nas eleições autárquicas deste ano para Lisboa. Quem é esse alguém? Mauro Xavier.
O líder do PSD/Lisboa escreveu uma carta ao presidente do Partido Social Democrata, Pedro Passos Coelho, e ao líder da distrital lisboeta, Miguel Pinto Luz, onde admitia que, face à situação atual, pode não haver outra alternativa senão apoiar Assunção Cristas para a Câmara Municipal da capital.
A líder do CDS-PP anunciou a sua candidatura quando o PSD ainda julgava ser possível convencer Pedro Santana Lopes e, depois do ‘não’ do Provedor da Santa Casa da Misericórdia, os sociais-democratas ficaram – e estão – em problemas para conseguir um candidato capaz de fazer frente a Fernando Medina, o atual presidente da Câmara de Lisboa, do PS.
Durante todo o seu mandato, Mauro Xavier manteve uma posição contrária a qualquer hipótese de coligação pré-eleitoral com o CDS, preferindo falar em acordos pós-eleitorais.
No entanto, na reunião da comissão política da concelhia realizada esta quinta-feira, o líder do do PSD/Lisboa fez saber que escrevera a Passos, embora não revelando o conteúdo da carta, que considerou «pessoal».
Tal provocou algum alarme em certos presentes, que desconhecendo o conteúdo da missiva não a viam com bons olhos.
No entanto, o facto de Mauro Xavier ter abandonado gradualmente uma posição taxativamente contra o apoio a Cristas veio descansar uma maioria de presidentes de juntas de freguesia, preocupados com a ausência de candidato do PSD e com os perigos de um resultado eleitoral menos sólido.
Depois de Passos Coelho vir dizer, há cerca de um mês, que não haveria coligação com o CDS em Lisboa, Assunção Cristas já veio afirmar que, respeitando a posição do seu homólogo e ex-primeiro-ministro, a porta estava «sempre aberta» para aquele que é o parceiro tradicional dos centristas no centro-direita.
A concelhia do PSD/Lisboa já havia lançado recentemente uma deliberação que defendia a possibilidade de qualquer cenário – candidato próprio, candidato independente ou coligação com outro partido – comprovando que a mudança de posição de Mauro Xavier é mais gradual que súbita.
A coordenação autárquica dos sociais-democratas nunca descartou verdadeiramente um apoio a Assunção Cristas em Lisboa, embora fonte próxima do processo admita ao SOL, que «será difícil».
O CDS e o PSD têm um acordo-quadro para as autárquicas deste ano que, segundo os responsáveis de cada parte, conseguirá mais coligações que as feitas em 2013.
Esta semana, o i já noticiou que Passos Coelho deu ordens aos militantes sociais-democratas para não atacar a candidatura de Assunção Cristas à Câmara de Lisboa, assim como quer evitar confrontos com os centristas em todas as autarquias em que PSD e CDS concorram separados. A regra que Passos impôs caiu mal no PSD-Lisboa, consciente que não atacar Cristas é uma sentença de morte. O programa redigido por José Eduardo Martins já foi entregue à concelhia, mas só será público quando se souber quem é o candidato.