A Caixa Geral de Depósitos (CGD) já está a pôr em marcha o encerramento dos seus balcões. A meta é simples: o banco público pretende fechar 180 agências em quatro anos. Um desses encerramentos vai ocorrer no Campo Militar de Santa Margarida, cujo balcão da Caixa irá fechar portas já no próximo dia 31 de março. A denúncia foi feita pela própria câmara de Constância, que lamenta a decisão. O mesmo vai ocorrer em Teixoso, no concelho da Covilhã.
“A autarquia fez sentir de imediato a sua discordância com esta situação pelo impacto negativo que a mesma terá na vida das pessoas, tanto dos militares como da população civil que habitualmente utiliza este serviço”, salienta.
As acusações da câmara de Constância vão mais longe e diz que, “atenta ao funcionamento do único banco público de Portugal e reconhecendo que é premente uma gestão eficiente pelo que a sua restruturação é inevitável, a Câmara Municipal de Constância não pode concordar que essa mesma reestruturação seja realizada pondo em causa a qualidade do serviço público prestado aos cidadãos, através do encerramento de balcões, da redução de trabalhadores e do horário de atendimento ao público”.
A autarquia lembra ainda que as medidas, ao serem tomadas, devem ter em conta a especificidade dos territórios, sob pena de se criarem “ainda mais desigualdades no acesso dos portugueses aos serviços a que têm direito sendo o concelho de Constância um caso paradigmático”.
Também a autarquia da Covilhã, assim como a junta de freguesia de Teixoso estão contra este encerramento, considerando a medida “absurda” e “lesiva dos interesses de todos”.
A verdade é que este não vai ser um caso isolado, verificando-se além disso a saída de cerca de 2200 trabalhadores. Com esta reestruturação, o banco do Estado prevê reduzir os custos operacionais e diminuir as despesas com pessoal em 75 milhões de euros.
Em relação ao encerramento de balcões, esta posição tem vindo a ser defendida por vários elementos do governo ao garantirem que, nos locais onde irá registar uma diminuição da presença, o banco público vai procurar convénios com outras instituições. Neste cenário tem sido referido que “os interesses da CGD e dos seus clientes passariam a ser assegurados por um outro balcão através de acordo preferencial”.
Uma ideia que agrada pouco ao Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD (STEC), que alerta para “uma brutal redução da atividade da CGD, com as óbvias consequências daí resultantes na sua dimensão e na sua capacidade de intervenção e de resposta no setor bancário, na economia nacional e no apoio às populações”.
Prática comum no setor
A verdade é que esta tem sido uma prática comum junto das várias instituições financeiras que atuam no mercado nacional e é uma estratégia que irá continuar. De acordo com o último relatório do Banco de Portugal, o sistema português continua a ter demasiados balcões.
A par da Caixa também o BPI deverá cortar mais 52 balcões durante este ano. A situação não é muito diferente no Millennium BCP ou no Novo Banco. Também o banco Popular encerrou, no final do ano passado, 47 balcões, ou seja, cerca de 37% do total da rede que a instituição financeira detinha em Portugal e neste momento está a ponderar o que irá fazer à operação portuguesa, correndo esta o risco de ser alienada.
Os dados não são animadores se tivermos em conta o que se verifica no mercado nacional desde 2011. A Associação Portuguesa de Bancos (APB) já veio revelar que desde essa altura, os bancos portugueses fecharam um total de 1620 balcões no país.
A região de Lisboa tem sido a mais afetada. Em cinco anos passámos de 1503 para 1023 balcões, o que representa uma redução superior a 32%. Também o Porto não ficou alheado a esta tendência. Nesta região, a redução não chegou a atingir os 30% em cinco anos. Ainda assim, só estas duas regiões contabilizaram quase metade das perdas de balcões em todo o país.