"Perante um rombo de cinco mil milhões de euros, a atual líder do CDS e a anterior ministra do Governo PSD/CDS declarou, para todos os portugueses escutarem, sem qualquer rebuço, preto no branco, que assinou de cruz a solução para o BES e fê-lo assim, com uma insustentável leveza, porque estava em tempo de férias", criticou o deputado socialista Carlos Pereira, lembrando que "o BES e o Banif desapareceram do sistema financeiro português e nenhum deles tem uma história que ilibe de responsabilidades o PSD e CDS".
Para Carlos Pereira, as revelações feitas por Cristas já não surpreendem, mas vêm mostrar a forma como o anterior Governo lidou com as questões do sistema financeiro e com o impacto que tiveram na vida dos portugueses.
"Foi assim, com a sua assinatura eletrónica, mas sem ler o que assinava, numa prosa solarenga e leve que a a atual líder do CDS informou o país como se juntou ao PSD para dar origem, minutos antes de ir para a praia, a um exército de lesados, a prejuízos de milhões de contribuintes portugueses e não menos importante a deixar sem chão centenas de funcionários", criticou o socialista, abrindo caminho a que PCP e BE se juntassem ao coro de reprovação em relação a Assunção Cristas.
O deputado comunista Miguel Tiago considera mesmo que houve "leviandade do CDS" na forma como todo o processo de resolução se desenrolou, com 4 mil milhões dos contribuintes a irem para o BES "com uma assinatura sem sequer ler" da então ministra Assunção Cristas.
Mariana Mortágua, do BE, defende que "é inaceitável e é irresponsável" a atuação agora revelada por Cristas.
"É inaceitável que nunca o anterior Governo tenha discutido o problema da banca", apontou a deputada bloquista, que acha também "inaceitável que o anterior Governo tenha depositado todo o poder da supervisão em Carlos Costa, que Carlos Costa tenha desempenhado um mau papel e tenha sido reconduzido".
Sócrates no contra-ataque do CDS
Sentada na primeira fila da bancada centrista, Assunção Cristas assistiu em silêncio ao debate. A defesa ficou a cargo da deputada do CDS Cecília Meireles, que passou ao ataque trazendo o Governo de José Sócrates para a discussão.
"O primeiro-ministro Sócrates tinha vários ministros que hoje ministros são. São essas cortinas de fumo que quer discutir?", atacou Cecília Meireles, criticando o uso da expressão "cortinas de fumo" usada pelo deputado Carlos Pereira na sua declaração política.
"Pense bem de quem são esses calotes e páre de esconder de quem são os calotes à banca", lançou a deputada do CDS, defendendo que "o PS tem muitas e muitas explicações a dar" e que o país ainda está a sofrer as consequências "dos erros e das malfeitorias que o PS fez na banca e na supervisão".