Confirma-se. Teresa Leal Coelho será a candidata do PSD à Câmara Municipal de Lisboa. O PSD possui finalmente uma cara para as eleições autárquicas deste ano no maior município do país.
Ontem, Pedro Passos Coelho admitiu que já tinha o nome, tratando-se “de uma boa escolha”.
A distrital do PSD lisboeta não se pronunciará em público sobre qualquer nome até se reunir este domingo. Oficialmente, a escolha para Lisboa ainda não chegou ao órgão do partido, mas o i sabe que Passos Coelho já verbalizou a intenção de ter Leal Coelho como candidata.
Quem não gostou nada de ver o líder do partido remeter a conclusão do processo “para a distrital da capital” foi Mauro Xavier. O líder da concelhia escreveu na sua página que “a metodologia escolhida” e o “não envolvimento da concelhia no processo” lhe causavam “profundo desagrado”.
“Contra os estatutos”
Escutado pelo i, Mauro Xavier garantiu: “Ainda não fui informado sobre qualquer nome, mas o que esperava era que o presidente do partido comunicasse o nome à concelhia em vez de ir diretamente à distrital, que é algo que vai contra os estatutos.”
Questionado sobre o facto de a sua concelhia ter recentemente lançado um documento, em unanimidade e também assinado por ele, que deixava a decisão final sobre a Câmara de Lisboa ao líder do PSD, Xavier respondeu: “Nós sempre dissemos que a escolha era dele [Passos].” Xavier adiantou ainda que “receberia a indicação e proporia o nome” indicado por Pedro Passos Coelho, mas vê-lo “não respeitar os órgãos do partido” não lhe parece “de bom tom”.
Contudo, prosseguiu o líder do PSD/Lisboa, “no dia das eleições é que se fazem contas”.
Hoje, a concelhia social-democrata da capital reúne-se em plenário.
Mauro Xavier, próximo de Miguel Relvas mas cada vez mais distante da direção de Passos Coelho, é também colega de Pedro Duarte (um crítico de Passos) na multinacional Microsoft. Recentemente, Pedro Duarte atirou que “a troika saiu do país, mas parece que ainda mora na sede nacional”.
Passos “recusou Morais Sarmento”
Rodrigo Gonçalves, vice–presidente de Mauro Xavier na concelhia do PSD/Lisboa, o mesmo homem que chegou a desafiar Passos a a avançar ele mesmo para a câmara da capital, não deixou também de mostrar o seu desagrado para com a novidade, escrevendo na sua página: “Passos Coelho, em registo turístico (na Bolsa de Turismo de Lisboa), diz que já tem o candidato para a Câmara Municipal de Lisboa. Carreiras diz que até já foi convidado e aceitou o convite. Vamos lá saber então quem é a escolha pessoal de Passos Coelho, Carreiras e Pinto Luz”, ironizou Gonçalves, ao nomear o presidente do partido, o coordenador autárquico e o líder da distrital, respetivamente, sem referir o órgão da sua concelhia. “Depois de rejeitados nomes de peso como o de Nuno Morais Sarmento, por exemplo, espero um nome fortíssimo!”, concluiu.
A comissão política da distrital, liderada por Miguel Pinto Luz, reúne-se dentro de dois dias para aprovar os candidatos a Odivelas, Mafra, Vila Franca de Xira, Loures e, claro, Lisboa.
Depois de o i desta quarta-feira ter noticiado que Teresa Leal Coelho havia recusado um convite para ser a candidata social–democrata à Câmara de Odivelas, pois tinha em mente a Câmara de Lisboa, a vice-presidente do PSD vê-se agora em vias de ser anunciada como cabeça-de-lista à capital do país.
Passos, nesse sentido, reiterou que todo o assunto estaria “esclarecido daqui a uns dias”.
“Julgo que será uma boa escolha e que permitirá ao PSD ter uma afirmação em Lisboa de acordo com aquilo que é a nossa tradição: ter um projeto para a capital e poder mobilizar as pessoas, não apenas para uma campanha, mas para um mandato que nós gostaríamos que fosse muito diferente daquele que tem existido até aqui”, afirmou o antigo primeiro-ministro.
O programa eleitoral, cuja elaboração foi coordenada por José Eduardo Martins (outro crítico de Passos) a convite de Mauro Xavier, já está finalizado e será entregue a Teresa Leal Coelho.
Contra Assunção Cristas e Fernando Medina, a tarefa não será fácil. Mas recitando Mauro Xavier: “Os balanços só devem ser feitos depois dos votos contados.”