Sem promessas, mas com compromisso. Ao contrário do que aconteceu no Europeu, em que Fernando Santos garantiu, ainda durante a fase de grupos , que Portugal só regressaria a casa no dia 10 de julho «para a festa», uma promessa como todo o país sabe cumprida, o selecionador nacional preferiu, um dia antes da recepção à Hungria, não enveredar pela mesma tática, ou seja, dar por garantida a presença portuguesa no campeonato do mundo, que será disputado na Rússia.
Crente, como sempre se mostrou, adiantou, ainda assim, que «os portugueses podem ficar descansados que Portugal, e estes jogadores, tudo vai fazer para estar no Campeonato do Mundo. Dependemos exclusivamente de nós neste momento e temos de vencer os nossos jogos para nos mantermos nessa condição, mas do outro lado também há uma Hungria com os mesmos objetivos e que tem de ganhar. Os jogadores trabalharam bem, estão muito motivados, muito disponíveis».
O estádio dos encarnados vai ser palco do confronto entre a seleção nacional e a seleção magiar numa altura em que apenas dois pontos separam favoravelmente os lusos dos húngaros no Grupo B, com 9 e 7 pontos, respetivamente.
Até aqui, a história de Cristiano Ronaldo e companhia tem sido feliz: goleou a Andorra (6-0), as Ilhas Faroé (6-0), a Letónia (3-1)… e tropeçou, apenas, com o conjunto suíço (2-0), líder do gupo sem qualquer derrota, naquele que foi o primeiro jogo dos explicandos de Fernando Santos depois da conquista do campeonato da Europa.
Apesar de os jogadores terem a consciência da importância do jogo, considerado «quase como uma final» nas palvras de Éder em que é preciso «eliminar a concorrência o mais rápido possível» como relembrou Bruno Alves um dos temas quentes que esteve na ordem dos treinos da seleção das quinas, que tiveram início na terça-feira na Cidade do Futebol, em Oeiras, foi o clássico Benfica-Porto, agendado para daqui a uma semana, no mesmo campo.
Com um ponto a separar as águias dos perseguidores dragões, o jogo da 27.ª jornada do campeonato ganha, cada vez mais, um caráter decisivo nas contas do título. No entanto, o jogo grande não é tema entre os jogadores presentes na seleção dos respetivos emblemas. «Isso [clássico] nem entra no hotel, nem sequer bate à porta. Os jogadores não querem ouvir falar disso, nem ligam. Eles estão muito focados. O que registei com agrado no primeiro dia foi a alegria de voltarem e de estarem novamente juntos. Eles estão focados e motivados para este jogo, sabem que é um jogo importante», garantiu Fernando Santos, dias depois de Pizzi, médio da Luz, ter descartado por completo a hipótese de existirem poupanças no jogo de hoje (e no particular de dia 28 com a Suécia, na Madeira) com vista ao embate da liga.
De Eusébio a Ronaldo
O conjunto luso pode até não ter apanhado a congénere húngara no seu auge – considerada a melhor equipa do mundo durante quatro anos (entre 1950 a 1954), altura em que disputou 31 jogos sem derrotas e marcou 147 golos! -, já que as primeiras páginas desta ‘batalha’ só começaram a ser escritas nos anos 60. No Mundial de 1966, em Inglaterra, mais precisamente. O histórico entre as duas nações coloca o favoritismo do lado dos atuais campeões europeus já que das seis vezes que portugueses e húngaros se defrontaram, em jogos oficiais, a seleção das quinas levou sempre a melhor. O percurso triunfante teve início no Mundial de 1966, em Inglaterra. A seleção das quinas venceu por 3-1, sob o comando de Otto Glória. Voltaria a sair vencedora nos quatro confrontos seguintes: dois deles em1998, na fase de qualificação para o Euro2000, somando outros dois triunfos dez anos depois, na fase de apuramento para o Mundial 2010. O único empate registado entre portugueses e húngaros remonta ao Euro2016 (3-3), resultado que Fernando Santos considerou, em conferência de imprensa «atípico», reforçando que «não vai haver a mesma ansiedade que no europeu».
Santos, no entanto alertou para os perigos do adversário: «a Hungria vem muito de uma escola que sempre teve e que está a reaparecer. Lembro-me que no meu tempo a Hungria tinha grandes equipas, de grande qualidade técnica e que agora está a reaparecer. É uma equipa que está a recuperar esses princípios, que quer jogar, que gosta de ter bola, que joga em posse e que é formada por jogadores de qualidade técnica».
Este será o sétimo confronto e mais uma página ficará escrita. Resta saber se neste livro, intitulado ‘Portugal versus Hungria,’ será acrescentado mais um capítulo de boas memórias para a tropa portuguesa…