Na véspera do regresso "a casa", à sua Madeira natal, Cristiano Ronaldo é compreensivelmente o destaque maior do particular entre Portugal e a Suécia. Com os dois golos apontados à Hungria, o CR7 chegou aos 70 pela seleção principal e está agora de olho no pódio dos goleadores europeus de seleções, constituído por Puskas (84), Kocsis (75) e Klose (71). Perante tais números, os jornalistas perguntaram a Fernando Santos se a Seleção ia jogar para tentar ajudar Ronaldo e o selecionador negou tal cenário… até um certo ponto: depois, riu-se e brincou com a situação. "Em termos oficiais? Nem pensar. À frente de tudo está a Seleção e o seu apuramento para o Mundial. Isso é que é importante, é ganhar coletivamente. Agora…sei lá, se pudéssemos arranjar uns particulares com equipas mesmo fraquinhas, daquelas equipas mesmo fraquinhas, talvez desse para dar um jeito", atirou o técnico.
Fernando Santos revelou planear mexidas no onze, o que considera "natural" face ao curto período que separou os dois jogos. "Jogamos três dias depois. É um jogo importante, eu sempre disse que não ha jogos particulares, estamos ao serviço do país, mas alguns jogadores que não jogaram vão ter a sua oportunidade", realçou o selecionador nacional, assumindo haver uma "expetativa muito grande" no povo madeirense para voltar a ver a Seleção ao vivo, 16 anos depois: "Vai ser uma grande alegria para o povo da Madeira. Como sabem o estádio está super esgotado, e interessa-nos fazer um bom jogo, para que essas pessoas sintam o orgulho de ver a sua seleção. É nisso que estamos focados."
O bom entendimento que tem vindo a ser mostrado entre Ronaldo e André Silva (responsáveis por 14 dos 19 golos da seleção portuguesa na caminhada para o Mundial 2018) foi ressalvado pela Comunicação Social, mas desvalorizado por Fernando Santos. "Não sei o que vai acontecer no futuro, não sei o que vai acontecer daqui a um, dois, três ou quatro meses. Qual vai ser a dupla…qual vai ser o onze….para mim não há parceiros. Se não treinavam em casa e escusavam de vir aqui. O Nani e o Cristiano foram fantásticos no Euro, o Éder fez aquele golo que levou os portugueses a uma alegria esfuziante. Traçarmos planos individuais é algo que não tem muito significado", atirou o selecionador, lembrando que a veia goleadora de Cristiano Ronaldo está longe de ser novidade: "Há dez anos que o Cristiano é um dos melhores marcadores do mundo, sistematicamente. Todos os anos ganha a Bola de Ouro ou Bota de Ouro, ou fica perto. Parece que há agora aqui algo de novo. O Cristiano sempre fez golos, e estou certo de que vai continuar a marcar."
Pela frente estará a Suécia, agora já sem Zlatan Ibrahimovic – e também sem o benfiquista Lindelof, que recupera de lesão. Mas Fernando Santos não vê o conjunto nórdico mais fraco, apesar destas ausências. "As equipas não são feitas de um jogador, são feitas do coletivo. A Suécia mostra aquilo que sempre mostrou. É uma equipa taticamente muito forte. As equipas nórdicas são sempre taticamente muito evoluídas. Os jogadores não têm aquilo a que chamamos habilidade, mas são muito evoluídos ao nível do passe e da receção. É uma equipa muito bem organizada, que joga normalmente em 4x4x2 clássico, que sabe todos os momentos do jogo, e servida por jogadores com uma capacidade técnica muito forte, ao nível do primeiro e segundo passe. Espero uma equipa compacta, com jogadores rápidos na frente, que procuram explorar as costas da defesa. É uma equipa que sabe jogar, com elementos de grandíssima qualidade", realçou o técnico campeão europeu, desvalorizando a polémica que se gerou em torno da claque nacional, que junta elementos do FC Porto e do Sporting e que se terá envolvido numa troca de insultos com adeptos do Benfica antes do encontro com a Hungria, na Luz: "Durante o jogo não ouvi nada. Tivemos o estádio cheio, a apoiar a Seleção, e nos últimos três anos os estádios têm estado quase sempre cheios nos nossos jogos, com um apoio muito forte. Isso é que é muito importante. O resto não comento."
Fernando Santos, de resto, também não quis comentar a notícia do jornal "A Bola" que levantava a possibilidade de o Benfica deixar de ceder o Estádio da Luz para jogos da Seleção – entretanto já refutada pelo clube encarnado. "Há cenários em que é difícil pensar. Vamos esperar com muita serenidade. Todas estas coisas têm o seu momento. Estamos centrados e coesos, como sempre estivemos nesta casa. Temos de manter a coesão, pois é isso que nos vai levar à fase final do Mundial", concluiu o selecionador luso.