Em entrevista ao diário espanhol El País, Costa mantém que Dijsselbloem deve abandonar as funções de presidente do Eurogrupo (que junta os países do euro).
“É uma questão de tempo. Está de passagem e importante é a necessidade de reforçar o euro e a política monetária comum”, disse o primeiro-ministro português.
António Costa reafirmou a ideia de que o presidente do Eurogrupo “deve ser alguém que tenha capacidade de construir pontes, de unir todos, não pode ser um factor de divisão”.
“Esse é o maior problema de Dijsselbloem. Não cumpre esse critério. E não se trata apenas do seu mau gosto e das opiniões sexistas. O pior é que está a enfraquecer uma função central no funcionamento da zona euro, como é o Eurogrupo. Por isso precisamos de um presidente que seja alguém que seja capaz de unir todos e seja um factor de divisão”.
Questionado pelo El País sobre se o substituto de holandês poderia ser o ministro da Economia espanhol, Luis de Guindos, António Costa nem hesitou: “Claramente. Tem uma visão global da Europa, a capacidade de fazer pontes entre diferentes economias, entre diferentes famílias políticas. Vem de um grande país, mas compreende que os pequenos. Vem da terceira economia com maior crescimento, mas sabe dos sacrifícios passados. Se Guindos estiver disponível , será o nosso candidato”.
Costa classificou ainda a solução governativa em Portugal como “uma experiência interessante e um êxito”, baseada na manutenção da identidade de cada uma das forças que tem suportado o governo no parlamento.
“Pela primeira vez, um conjunto de partidos de esquerda compreendeu que podiam manter a sua identidade bem diferenciada, manter posições distintas sobre a Europa, mas também, estar de acordo acerca do que fazer para mudar de política”.
Sobre o Brexit, o primeiro-ministro português voltou a defender que no final importante é manter com o Reino Unido “as melhores relações”.
“É importante que as negociações do Brexit decorram dentro de um espírito de grande amizade. No final temos de ser os melhores aliados, os parceiros mais chegados e os amigos mais próximos. Temos de trabalhar nessa perspetiva”, adiantou.
Já sobre o futuro da União Europeia, Costa parece não ter dúvidas: “o maior desafio passa por eliminar as fraturas culturais que se abriram nos últimos anos de crise entre os países do leste e oeste e do norte e sul”
“Temos de fazer um esforço para nos conhecermos melhor e entender que só juntos poderemos enfrentar o futuro”, concluiu.