Depois do ataque dos EUA à segunda base aérea da Síria, onde estavam presentes militares russos, a tensão entre Washington e Pyongyang não para de crescer. A Coreia do Norte qualificou de “intolerável” a intervenção dos norte-americanos na Síria e o Pentágono enviou um grupo naval de ataque liderado pelo porta-aviões Carl Vinson, que foi desviado da sua rota original para a Austrália.
O assessor de segurança nacional da Casa Branca, o general H.R. McMaster, afirmou que a decisão de enviar para a costa da Coreia do Norte um dos mais poderosos barcos da marinha dos EUA era “prudente”, e explicou o sentido da deslocação desta frota de ataque: “É um regime desonroso que tem agora capacidade nuclear, e os presidentes Xi [presidente chinês, que visitou os EUA no último fim de semana] e Trump estão de acordo que isso é inaceitável, e que se deve proceder à desnuclearização da península coreana.”
A justificação para o envio deste poderoso porta-aviões, com 6 mil militares e 90 aviões e helicópteros, ainda foi mais explicitada, à agência AFP, pelo porta-voz militar Dave Benham: “A ameaça número um na região é a Coreia do Norte.” Apesar de ter sido chamado à colação o presidente chinês, Xi Jinping, este não mostrou concordância com nenhum potencial ataque militar ou ação violenta contra a Coreia do Norte.
A prudência chinesa, com relação histórica e fronteiras com a Coreia do Norte, chocou com a impaciência de Trump, que fez saber, através do seu secretário de Estado, Rex Tillerson, que “se a China não fizer nada”, os EUA vão “traçar o seu próprio caminho” para obrigar a Coreia do Norte a abdicar das armas nucleares.
No próximo dia 15 de abril, a Coreia do Norte assinala o 105.o aniversário do nascimento do seu fundador, Kim Il-sung, e já fez saber que está disposta a responder com todas as suas armas caso seja atacada pelos EUA.
Na reunião do G7, em Roma, Tillerson já fez saber que os EUA pretendem ter uma política exterior mais agressiva e expansionista. Os comentadores têm analisado esta inversão na política de Donald Trump como uma forma que o novo presidente escolheu para ocultar as suas derrotas e dificuldades no plano interno, como o chumbo da substituição do Obamacare, com o barulho dos tambores da guerra. O problema é que isto é uma cosmética letal.