Eurogrupo. PSD garante que convite a Centeno nunca aconteceu

O “Expresso” disse que Centeno foi sondado para suceder a Dijsselbloem. António Costa confirmou. Mas o PSD duvida. E Portugal anunciou ontem o apoio a De Guindos

António Costa deixou ontem claro que Portugal apoia a candidatura do espanhol Luis de Guindos para a presidência do Eurogrupo – uma declaração de apoio que surgiu no dia em que o PSD questiona a veracidade da “sondagem” de que Mário Centeno terá sido alvo para o mesmo lugar.

“Qualquer pessoa que se movimente nos meios políticos de Bruxelas sabe que não há uma única alma que, até aqui, tenha aventado essa hipótese”, escreveu ontem o eurodeputado do PSD, Paulo Rangel, num artigo de opinião no “Público”, garantindo que Centeno nunca foi uma hipótese para liderar o Eurogrupo.

“Só em Portugal se falou nisto, por sinal, num dia 1 de abril”, ironiza Rangel, numa alusão à manchete do “Expresso” que, naquele dia, afirmava que Mário Centeno tinha sido sondado para liderar o grupo dos ministros das Finanças da zona euro.

A tese de que a notícia só podia ser explicada com “o dia das mentiras” foi ontem também defendida pelo eurodeputado do PSD José Manuel Fernandes à TSF. Em declarações àquela rádio, Fernandes defendeu mesmo que, a ser verdade que existia a hipótese de Portugal ficar a liderar o Eurogrupo, não faria qualquer sentido o primeiro-ministro vir anunciar o apoio português ao ministro das Finanças espanhol.

Sondado e não convidado António Costa já tinha, contudo, confirmado à Renascença na semana passada que Mário Centeno tinha efetivamente sido sondado para o cargo ainda ocupado pelo holandês Jeroen Dijsselbloem. “É prestigiante, desde logo para Mário Centeno e para o país. Seria um presidente excelente, mas não é uma prioridade nossa”, afirmou o primeiro-ministro.

O facto de se dizer que Mário Centeno foi “sondado” e não “convidado” não é indiferente. Significa que não existiu qualquer convite formal ao ministro das Finanças, mas que o seu nome pode ter sido alvo de conversas informais.

A que nível e com que grau de possibilidade de se concretizar uma candidatura portuguesa, nunca ficou claro, porque Costa preferiu sempre afastar a hipótese, defendendo ser importante ter Centeno a tempo inteiro no lugar de ministro numa altura em que Portugal dá o tudo por tudo para assegurar a saída dos procedimentos por défices excessivos.

Afastando a hipótese de ter Centeno no lugar de Dijsselbloem, Costa preferiu anunciar o apoio português à candidatura de outro ministro da Economia do grupo dos países do Sul: o espanhol Luis de Guindos.

“Tem uma visão global da Europa, a capacidade de fazer pontes entre diferentes economias, entre diferentes famílias políticas. Vem de um grande país, mas compreende os pequenos. Vem da terceira economia com maior crescimento, mas sabe dos sacrifícios passados. Se Guindos estiver disponível, será o nosso candidato”, afirmou Costa em entrevista ao “El País”, no momento em que esteve em Madrid para mais uma cimeira dos países do sul da Europa.

A justificação de Costa De resto, António Costa explicou que Jeroen Dijsselbloem já está de saída da presidência do Eurogrupo, justificando assim o facto de Portugal não ter pedido formalmente a sua demissão durante a última reunião daquele órgão, na semana passada, em Malta. “É uma questão de tempo. Está de passagem e importante é a necessidade de reforçar o euro e a política monetária comum”, afirmou ao “El País”.