O projeto de resolução que o CDS está a preparar para a discussão do Programa de Estabilidade é quase uma versão sombra do documento do Governo. «A nossa proposta apresentará aquilo que seria o nosso Programa de Estabilidade e o nosso Programa Nacional de Reformas (PNR) se fossemos Governo», assume ao SOL um dirigente centrista.
Pegando no mote de Assunção Cristas de fazer «política positiva», os centristas querem apresentar «propostas concretas», mas também «fazer uma avaliação» do que o Governo já fez, tomando como referência o Programa de Estabilidade e o PNR que António Costa enviou para Bruxelas no ano passado.
Os centristas estão, por isso, agora a fazer uma análise fina aos documentos que receberam na quinta-feira e não se querem pronunciar sobre o conteúdo dos mesmos antes de segunda-feira, altura em que entregarão no Parlamento o seu projeto de resolução.
Uma coisa é certa: apesar de a proposta do CDS obrigar novamente BE e PCP a viabilizar um documento que cumpre os compromissos europeus e no qual não se reveem, os centristas não têm expectativas de gerar uma crise política. «Não estamos à espera de uma crise», admite fonte da bancada, preferindo antes justificar a iniciativa com uma questão de «coerência e transparência».
No ano passado, o CDS também obrigou os parceiros de esquerda do Governo a viabilizarem com o seu voto os documentos que, de outra forma, não seriam alvo de votação parlamentar. Essa experiência mostrou que a tática de explorar assim as divergências da solução governativa não tinha grande eficácia política. Daí que este ano os centristas queiram dar uma nota diferente ao seu projeto de resolução e que os sociais-democratas nem tenham posto a hipótese de apresentar um projeto de resolução sobre esta matéria.
PNR é ‘letra morta’, diz PSD
De resto, na reação aos documentos Luís Montenegro frisou que o Governo «nem sequer pediu contributos» ao PSD e ao CDS para elaborar estes programas e considerou que o PNR desenhado por António Costa e Mário Centeno é «letra morta».
Para Montenegro, este programa «repete muitas das propostas e dos desígnios que [o PNR] já tinha no ano passado e que não tiveram qualquer tipo de execução», pelo que isso é prova de que não são documentos para levar a sério.