O Pentágono classificou a ancoragem de hoje do submarino USS Michigan no porto sul-coreano de Busan, como uma “visita de rotina”, mas face à tensão que se tem vivido naquela região do globo asiático, nas últimas semanas, fruto da troca das constantes trocas de galhardetes entre Pyongyang e Washington, será difícil que as partes envolvidas não levantem o sobrolho.
A presença de um submarino com 60 soldados das tropas especiais norte-americanas a bordo, e equipado com 154 mísseis Tomahawk, ao largo da Península da Coreia, no mesmo dia em que o regime de Kim Jong-un celebrava o 85ª aniversário da fundação do Exército do Povo da Coreia do Norte, fez, por isso, soar (novamente) os alarmes, e voltou a colocar os olhos da comunidade internacional bem focados nas águas coreanas.
Ao contrário das celebrações do 105 anos do nascimento de Kim Il-sung, no passado dia 15 de abril, não parece ter sido realizado qualquer ensaio nuclear nesta terça-feira, pelo que o conflito mantém-se, para já, baseado em ameaças de parte a parte, de “guerras termonucleares” ou de “ataques preventivos”
Segundo a agência noticiosa sul-coreana Yonhap, a Coreia do Norte festejou a ocasião com um “exercício militar enorme de artilharia”, em Wonsan. “Se os EUA e os belicistas avançarem para um ataque preventivo imprudente, lideraremos o castigo mais brutal, no céu, na terra, no mar e por baixo de água, sem qualquer aviso. As nossas forças armadas irão apagar da face da terra os bastiões dos agressores, através de ataques nucleares poderosos”, escreveu ontem o Rodong Sinmun, o jornal oficial do regime norte-coreano, na já tradicional linguagem bélica utilizada pelos orgãos de propaganda do país, utilizada na hora de descrever o evento.
O USS Michigan não deverá certamente responder àquele tipo de ameaças, que já são bastante comuns vindas da Coreia do Norte. Mas a imprensa norte-americana também não acredita que o submarino esteja na região apenas para exercícios de rotina. A possibilidade de o USS Michigan se poder juntar à “armada” liderada pelo porta-aviões USS Carl Vinson que, ao contrário do que Donald Trump, Sean Spicer ou Jim Mattis fizeram crer, ainda está a caminho da península, está a mesmo a ser avançada junto da comunicação social dos EUA.
Recorde-se que quando há cerca de duas semanas as autoridades norte-americanas anunciaram o destino da frota, a mesma dirigia-se no sentido oposto, para se juntar à marinha da Austrália no Oceano Índico, para exercícios conjuntos, numa zona do globo de onde se contam quase cinco mil quilómetros de distância para a Coreia. Uma comunicação muito criticada junto da oposição democrata, insatisfeita com a aquilo a que o congressista democrata e membro do comité dos serviços de inteligência da Câmara dos Representantes, Adam Schiff, chamou de “provocação perigosa”, numa região onde, afinal, os EUA “não tinham os seus recursos disponíveis” para responder a qualquer ameaça.
Mesmo tendo sido relevada a artimanha, que afastou o perigo iminente de um confronto na região, propalado durante vários dias, o ambiente ainda é de tensão máxima, já que Trump não parece disposto a tolerar muito mais as constantes violações norte-coreanas às imposições das Nações Unidas.
O presidente norte-americano convocou para amanhã uma reunião extraordinária com todos os membros do Senado, onde serão revelados os próximos passos da estratégia da presidência para lidar com a Coreia do Norte. Para além disso, o secretário de Estado Rex Tillerson presidirá a uma reunião no Conselho de Segurança da ONU, na próxima sexta-feira, para pedir mais sanções para o regime de Kim Jong-un. “Esta reunião servirá para dar ao Conselho de Segurança a oportunidade de discutir formas para maximizar o impacto das medidas de segurança existentes”, explicou um porta-voz do Departamento de Estado, citado pelo “The Guardian”.