A tolerância de ponto concedida para o dia 12 de maio está a gerar uma situação politicamente insólita. Há deputados do PS a criticar o governo, enquanto PSD e CDS aplaudem a decisão de António Costa de conceder uma tolerância de ponto que permitirá aos funcionários públicos ir a Fátima assistir à visita do Papa Francisco e à canonização dos pastorinhos no centenário das aparições.
“Não é muito comum encontrar erros no governo que apoio e para cuja maioria trabalho diariamente no parlamento, mas aqui está um. E especialmente disparatado”, apontou o socialista Tiago Barbosa Ribeiro, numa análise secundada por Isabel Moreira, que considera que a decisão viola a laicidade do Estado definida na Constituição.
As críticas destes socialistas não encontram eco à direita. Duarte Pacheco, do PSD, considera acertada a decisão do governo, por se tratar de um “momento único” ao qual muitos portugueses desejam assistir. O interesse do evento justifica, para deputado, a tolerância de ponto. Uma análise com a qual o CDS concorda.
À esquerda, também não há ataques à tolerância de ponto, apesar de o PCP admitir que a questão suscita dúvidas.
“É uma matéria da exclusiva responsabilidade do governo, mas o BE não se opõe à tolerância de ponto”, limita-se a comentar fonte oficial do BE.
“Trata-se de uma decisão que, embora se compreenda, suscita a dúvida sobre se as razões invocadas – a visita do Papa e a expressão da população católica no nosso País – a justificam, considerando a separação entre as Igrejas e o Estado”, lê-se numa nota emitida pelo PCP.
Para Costa, seria “insensível” não tomar esta decisão.