Nem Emmanuel Macron nem Marine Le Pen. Para 12% de eleitores que fizeram o esforço de ir às urnas e 25,3% que nem sequer pegaram no boletim de voto, não havia uma boa escolha nesta segunda volta das presidenciais francesas.
Foi um valor recorde para os votos nulos e brancos registados nas presidenciais francesas. E que mostra bem como a escolha desta segunda volta era para muitos uma eleição impossível de um mal menor.
É que na primeira volta apenas 2,58% expressaram a sua indignação através de votos brancos e nulos. Agora, esse número explodiu para uns 12% muito acima dos habituais 4 a 6% que em média optam por votar nulo ou branco em França.
Em 2012, quando o combate foi entre François Hollande e Nicolas Sarkozy o número de votos nulos e brancos já tinha ultrapassado esta média, situando-se nos 5,82%. Ainda assim, pouco menos de metade dos votos de protesto desta segunda volta.
Um voto sem convicção
Outros números ajudam a mostrar como o voto no recém-eleito Presidente Macron foi pouco convicto.
Segundo o Ipsos, Emmanuel Macron foi escolhido por 43% dos eleitores, por ser “o mal menor” e não por ter o melhor programa ou ser o melhor candidato para liderar a França.
De resto, Macron ganhou muito graças à transferência de votos do esquerdista Jean-Luc Mélenchon – 53% dos seus apoiantes votaram em Macron – e dos votos do socialista Benoît Hamon que viu 70% dos seus votantes transferirem-se para o candidato independente de ideologia liberal. Estes votos da esquerda foram essencialmente uma forma de travar Marine Le Pen e não deverão ser lidos como um apoio às políticas de Macron.
Tendo em conta a abstenção e os votos nulos e brancos, só 44% dos franceses maiores de 18 anos votaram em Macron e desses pouco menos de metade só o fizeram para impedir a vitória da extrema-direita de Marine Le Pen.
Com eleições legislativas a cerca de um mês, o mesmo Ipsos afirma que apenas 39% dos eleitores gostariam que Emmanuel Macron conquistasse a maioria absoluta no Parlamento.
E isso pode ajudar a dar uma ideia da fragmentação política que se verifica em França e como poderá ser difícil a Macron governar o país.